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José Francisco da Silveira

1935 - 2020

Homem de fé, sempre se apegava ao Divino Pai Eterno ou a Nossa Senhora Aparecida nas horas difíceis.

Conhecido carinhosamente por José Cachoeira, adorava se ocupar cuidando da terra. Sempre criou galinhas e porcos, cuidava com amor da hortinha de casa. Depois de cumprir os afazeres, seu hobby era deitar no sofá da varanda para descansar. Muito ativo, era ele quem preparava o café da manhã, além de não dispensar uma oportunidade para dirigir.

Devoto de Nossa Senhora Aparecida e do Divino Pai Eterno, sempre foi um homem de fé. Rezava o terço diariamente, ia à missa todos os domingos e, às vezes, acompanhava também as celebrações pela TV. Muito ativo na igreja, sempre contribuiu de alguma forma. Foi idealizador de alguns projetos na paróquia em que participava, como as coroações que aconteciam no mês de maio. Sempre pensando em tudo, fazia questão de preparar uma lembrancinha para todas as crianças que participavam, que agradeciam de coração a ação do José Cachoeira.

Talvez por ser tão religioso, José foi presenteado com uma Maria para chamar de companheira. Teve a sorte de dividir a vida durante cinquenta e oito anos com o amor da vida toda. Assim como aconteceu em Belém, por aqui uma Maria também foi a esposa de jornada de um José. Juntos, os dois partilharam momentos inesquecíveis, sempre regados a muito amor, carinho e cumplicidade. Só viajavam um na companhia do outro, estavam sempre juntos fazendo as próprias bem-aventuranças e peregrinações particulares.

Esta Maria e este José em especial não tiveram um Jesus, mas foram presenteados com quatro filhos tão amados e especiais quanto aquele nascido em Belém. Tiveram também dez netos e três bisnetos, todos muito queridos. José amava estar em família. Para ele, qualquer coisa se transformava em motivo de comemoração e reunião. Adorava partilhar momentos e lembranças com os seus.

Teve dez irmãos, e foi presente na vida de todos eles. Sempre os visitava, e com o tempo, passou a levar as irmãs que ficaram viúvas nas viagens que fazia com Maria. Viveu cercado de amigos, não havia quem não conhecia José Cachoeira na pequena cidade mineira de Florestal. Fez o bem a quem conseguiu, da melhor forma possível. Foi companheiro para todas as horas, mão amiga para quem quer que precisasse.

Foi tão querido que recebeu uma medalha de honra ao mérito na câmara de vereadores e, na mesma semana que se foi, uma ponte próxima à casa dele passou a se chamar José Francisco da Silveira.

Sempre fez de tudo pelos filhos e netos. Foi um pai presente, um avô coruja, um bisa paparicador. Por aqui, todos sentem saudades. Ninguém organiza coroações como ele e as viagens em família perderam um pouco da graça. A vida de Maria não é a mesma coisa sem José. Ainda assim, tudo bem, porque, do lado de lá, Nossa Senhora Aparecida encontrou alguém para ajudar nas organizações de eventos muito mais especiais.

José nasceu em Florestal (MG) e faleceu em Betim (MG), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de José, Juliana Silveira. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 23 de fevereiro de 2021.