Sobre o Inumeráveis

José Francisco de Britto

1955 - 2020

Um homem de riso fácil, por quem as pessoas logo se encantavam e de quem nunca mais se esqueciam.

Difícil não gostar do Britto, Britinho ou Chicão, como era conhecido por muitos na cidade.

O eletricista aposentado adorava estar com a família e os amigos, e cozinhar para eles. "Quem provou seu peixe assado, a costela e o joelho de porco jamais esquecerá", conta a filha Fabiana, lembrando que o pai nunca negou um prato de comida às pessoas que vieram ao seu portão.

Britto possuía duas marcas registradas: o sorriso sempre estampado no rosto e a voz em volume alto, ecoada nas lutas contra as injustiças, principalmente a racial, através de grupos e partidos apoiadores da causa da qual ele participava.

Já nos seus momentos de lazer, eram Bezerra da Silva, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho, alguns dos sambistas que ele tanto apreciava ouvir, que soltavam suas vozes.

Em 2020, Britto e a esposa fariam 46 anos de casados, sem nunca terem se separado. "Aliás, nós nunca ficamos longe uns dos outros", revela a filha, admirada com a força que o pai encontrava para ligar do hospital e dizer que estava bem, apesar da dificuldade de respirar.

Fabiana relata que outros familiares e ela contraíram a covid-19 e se recuperaram, e que sua mãe também chegou a ser hospitalizada.

Para família, a maior tristeza é não ter velado Britto da forma carinhosa que ele merecia.

"Meu pai foi um grande homem", ela diz.

José nasceu em Amparo (SP) e faleceu em Campinas (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de José, Fabiana Britto. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de outubro de 2020.