1941 - 2020
Adorava jaca! Acordava cedo e desejava um bom-dia contagiante, que animava qualquer um.
Quem não gosta de samba, bom sujeito não é..., mas Seu Zeca, fã de Martinho da Vila, apaixonado por jaca e torcedor fanático do Fluminense, foi um sujeito sorridente e gente boa demais.
Durante boa parte da vida, Zeca trabalhou como motorista de turismo e, por essa razão, acumulava histórias para contar e adorava fazê-lo. Por estar sempre na estrada, passava pouco tempo com os filhos, mas estes nunca ficaram órfãos de seu carinho e dedicação.
Casou-se com Rosa, assumiu e criou Cláudio como se fosse seu filho, como era para ser. Com a esposa, teve ainda Joselane, Cláudia Maria, Rosiane, Rosângela e Tiago, que nasceu do coração. Quando eram mais novos e moravam todos juntos, grudavam no pai tão logo ele chegasse em casa de suas viagens e adoravam assistir aos filmes ou às novelas, deitados na cama do casal.
Zeca aproveitava esses momentos, com a astúcia do pai que sabe divertir os filhos com coisas simples e criar memórias únicas. Esperava, pacientemente, até que todos estivessem em silêncio e concentrados para, então, soltar um gritão para despertar todo mundo e fazê-los cair na gargalhada.
Entre abraços, beijos e brincadeiras, a vida em família era muito boa. A união com esposa durou quase sessenta anos e só terminou porque sua Rosa foi descansar. Quando ficou viúvo, Zeca, que era amante dos animais, adotou o vira-lata Michel, mais conhecido como Negão, que se tornou seu mais fiel companheiro. A filha mais velha, Josi, lembra que o pai "não largava esse amigo pra nada" e, conhecendo a pureza desses seres de quatro patas, é certo que Zeca foi muito amado também.
Além do cãopanheiro e de alguns de seus filhos, Zeca morava também com Lucas, um de seus netos. Foi também avô de Rafael, Eduardo, Beatriz, Gabriela, Bryan e Rosa e, para todos era um poço de doçura, algo típico de um avô apaixonado!
Zeca era um homem muito "família" e não é sem motivo que para Josi, o pai "é e sempre será" seu melhor amigo; assim mesmo, sem mudar o tempo do verbo porque a conexão permanece. Tão forte que se fará sentir sempre que a filha puder participar dos carnavais com a Portela, sua escola de coração, para desfilar em homenagem ao pai.
Em 2017, os dois comemoraram juntos a vitória da Portela, pelo orelhão. É que Josi não podia sequer usar celular no trabalho e precisou ligar para casa para saber notícias sobre a apuração. A alegria do pai ao dar a notícia à filha é memorável, típica de quem gosta de compartilhar com os seus os bons momentos da vida.
José nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de José, Joselane Dias da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de agosto de 2020.