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José Honório Bezerra

1936 - 2021

Um ótimo contador de histórias que deixou uma bela coleção de discos de vinil com muita "músca" boa, como dizia.

José Honório encontrou nos oito filhos, depois de dez anos viúvo e com a idade avançada, enfim o companheirismo que poderia ter desfrutado outrora, por ter sido muito rígido. "Ele fazia questão que todos os filhos e netos pedissem a benção." relembra a filha Maria do Socorro.

Sua maior qualidade era ser um homem trabalhador. Depois de exercer o ofício de pintor de paredes, trabalhou até os setenta anos como vigia em uma empresa de ônibus. Apelidado de Cinzano, em razão da marca de uma bebida conhecida que apreciava beber, era popular e prezado no bairro, onde gostava de ajudar a todos.

Boêmio na juventude, quando cantava nos bares, por toda a vida foi amante da música. De todos os gêneros, gostou até o fim da vida, de ouvir e cantá-las. Apreciava especialmente cantores que acompanharam seus tempos da mocidade, como Nelson Gonçalves, Jair Rodrigues, Agnaldo Timóteo, Bezerra da Silva e Ângela Maria. "Meu pai era um homem simples, porém vaidoso. Gostava de estar sempre arrumado e perfumado", conta a filha.

Cinzano era tão fã de música, que tinha uma extensa coleção de discos de vinil. Nos cerca de 700 LPs que deixou, sua filha revela o jeitinho especial do pai se referindo ao repertório: "Tem muita 'músca' bonita aí, fia, pra gente ouvir."

Outra coisa que José adorava e fazia muito bem, era contar histórias para o povo, principalmente para os mais jovens. Pudera! Tinha muita coisa bonita para transmitir.

José nasceu em Campina Grande (PB) e faleceu em Nova Iguaçu (RJ), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de José, Maria do Socorro Honório Bezerra de Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Denise Pereira, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 25 de abril de 2022.