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José Leão Ribeiro

1945 - 2020

Homem valente, colecionador de facas. Um verdadeiro leão com muitas histórias pra contar.

Todos o chamavam de Zé Leão. Era conhecido pela alegria, pelo amor e bondade inquestionável.

Nunca reclamava de nada. Homem forte, valente, guerreiro como um Leão. Um representante comercial que adorava um churrasco, amava ler revista, ligar para os parentes e amigos e ajudar as pessoas.

Colecionava facas e telefonava para todos os que conhecia no dia do aniversário (todos os anos). As pessoas ficavam aguardando ele ligar para dar os parabéns. Todas estas palavras abaixo combinavam e tinham de certa forma a ver com ele: filhos, facas, cachorros e gatos, churrasco, futebol, cerveja e música paraguaia. Sempre também juntas com uma relação de muito amor, companheirismo, alegria, cuidado, lealdade, empatia e paz.

Em seu primeiro casamento com Irma Celestina Marques Rios, ele teve três filhos: Mário, Laura e Karina, e no segundo casamento com Roseli Vieira, José Leão, teve também 3 filhos: Paulo, Estevam e Fernando. Ao todo sendo 6 filhos.

A história abaixo é sobre José Leão Ribeiro, contada por sua filha Laura Raquel Rios Ribeiro.

Ele era muito corajoso. Em 2018 viajamos de avião de Campo Grande para São Paulo e fazia alguns anos que ele não viajava.

Tinha mania de guardar chaves, celular, caneta e lenço no bolso – pois bem, na entrada da sala de embarque, ficou barrado. Tirou a caneta, novamente barrado, tirou o celular, pegou a caneta de volta, foi barrado e assim foi...até que pediram para tirar o cinto, o sapato. E quando tirou o cinto, a calça caiu um pouco e ele já estava ficando bravo e eu não aguentei e comecei a rir.

Solicitaram que fosse para a parede e erguesse os braços, pois iriam passar o detector de metal. Eu ri novamente e ele muito bravo gritou com os braços abertos e a calça caindo: “eu sou idoso, não sou terrorista! Não sou homem-bomba, vocês não respeitam a minha idade? Então tá, vocês acham que eu vou explodir todo mundo". Os atendentes respondiam: “calma, senhor” e ele rebatia “calma o quê? Tô aqui quase pelado”. Foi muito engraçado e depois rimos muito.

Nessa mesma viagem, ele foi abaixar a mesa para o lanche e a barriga era muito grande e não deu para abaixar e ele estava entre os dois netos que olharam e riram e eu ao lado falei: “por isso eu digo para o senhor emagrecer”. Ele olha para mim e responde: "olha para lá".

São muitas as histórias com ele, pois sempre estivemos juntos. Pelo amor à vida e pela alegria que sempre distribuiu. Coragem e lealdade também. Ele deixa muita saudade.

José nasceu em Bela Vista (MS) e faleceu em Campo Grande (MS), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de José, Laura Raquel Rios Ribeiro. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Júlia Paranhos, revisado por Francyne Nunes e moderado por Rayane Urani em 14 de dezembro de 2021.