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Jose Nilton da Silva

1968 - 2021

Mesmo sozinho, ele já era uma festa; na companhia dos netos e amigos, ele era o próprio espetáculo.

"Meu pai era intenso, gostava de aproveitar a vida. Se desse na cabeça dele que queria fazer um churrasco em plena segunda-feira, ele fazia. Não importava o dia". A afirmação da filha Kelita mostra o brilho pessoal de José Nilton, paizão e avozão inesquecíveis.

Nascido no pequeno município de Cordélia, no Paraná, José Nilton construiu sua família, como empreiteiro de obras, na cidade mineira de Contagem. Há poucos meses, celebrara trinta e cinco anos de casamento. Da união, vieram ao mundo três filhos, e os três netos: Beatriz, Isabella e Kaiky, o caçulinha-xodó do avô. Viviam "grudados", conta Kelita.

Extrovertido, José Nilton era um contador de piadas que tirava risada dos ouvintes. Gostava de ver seus amigos encherem a casa — seu palco particular. E quando não estava no papel de anfitrião, costumava levar a esposa e os netos para o shopping ou para a pizzaria. "Ele não perdia tempo. Era um avô muito brincalhão", recorda a filha.

Viajar também era com ele. "Sempre que podia, meus pais faziam uma pequena viagem. A que ele mais curtia era ir para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde trabalhou por alguns anos e fez muitas amizades". José Nilton estava animado para colocar na estrada o automóvel "dos seus sonhos", comprado um pouco antes de falecer. "Papai estava juntando dinheiro para a tão adiada visita ao tio dele, no Mato Grosso. Nós pegamos no pé dele para não ir, por causa da pandemia, mas ele acabou se contaminando no trabalho", lamenta Kelita.

Há seis anos, José Nilton perdeu o filho num acidente de moto. Contudo, Kelita ressalta que o pai não perdeu o bom humor: "Sua partida deixou um vazio enorme, pois sua alegria diária faz muita falta pra gente. Ele sozinho era capaz de fazer uma festa divertida com os netos".

Jose nasceu em Corbélia (PR) e faleceu em Contagem (MG), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Jose, Kelita Sondre Silva. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Luciana Assunção, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de novembro de 2021.