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José Osmar da Costa

1970 - 2020

De coração puro, era sinônimo de cuidado e alegria. Apaixonado pelo mar, adorava reunir a família e agradecer.

Sapão, como era conhecido por todos, não teve uma infância fácil. Vindo do Paraná para São Paulo, começou a trabalhar desde muito cedo, ajudando a mãe a cuidar dos irmãos. Aprendeu o ofício de ser chaveiro, profissão que exerceu boa parte da vida.

Adorava conversar com as pessoas. No seu bairro era conhecido pela alegria e riso fácil, cumprimentando a todos por onde quer que passasse.

Osmar valorizava as pequenas conquistas da vida. Para ele, qualquer coisa virava motivo para fazer um churrasco e reunir as pessoas que amava, onde podia cozinhar para elas.

Sapão era sinônimo do que melhor representa o Brasil: churrasco com carne ao ponto, uma cerveja gelada e praia. Humildade, fé na vida e simplicidade eram suas marcas registradas.

Casado por vinte e nove anos com Tânia, sempre dizia que ela era sua “outra metade”. Tinha uma forte ligação com a família, ensinou muito sobre integridade e companheirismo aos filhos Thais, Aline, José Gustavo e Talita. Como avô coruja que era, paparicava a neta Ísis Helena e o neto Luiz Felipe. Seus momentos mais felizes foram ao lado da família, acompanhando o nascimento de cada integrante com entusiasmo e amor, que ele tinha muito para oferecer.

Não hesitou em mudar a alimentação quando foi necessário, para apoiar a esposa e viver de forma mais saudável.

Sempre que alguém passava pela sala e ele estava no sofá, era logo requisitado para lhe trazer um copo de água. A família se desses momentos com afeto e saudade.

Homem de caráter, teve suas cinzas lançadas ao mar, local que amava.

Despede-se, como nos versos de Cecília Meireles: “Assim moro em meu sonho: como um peixe no mar. O que sou é o que vejo. Vejo e sou meu olhar.”

Na certeza de que jamais será um número, reside José Osmar na imensidão do mar, lar que carrega no nome. Em seu último olhar para Tânia, entregou a mensagem de que não iria mais voltar, mas que a amou até o fim.

José nasceu em Goioerê (PR) e faleceu em São Paulo (SP), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de José, Tânia. Este texto foi apurado e escrito por Ygor Expedito Gonçalves, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 24 de dezembro de 2020.