1953 - 2020
Todos procuravam nele, um conselho para lidar com problemas. Amigo e querido por todos!
Era conhecido por uns como "Delegado" - apelido que ganhou carinhosamente de seus vizinhos por ser uma pessoa de muita confiança e por resolver os problemas de quem os procurava - mas era um simples apelido, ele não tinha este cargo. Para os demais, era somente "Zé Paulo".
Delegado ou Zé Paulo, após ter se mudado para São Paulo, trabalhou na parte administrativa do Ambulatório Regional Sul, sendo funcionário público do estado de SP até se aposentar.
Sempre que podia, gostava de visitar sua família em Minas Gerais. Sentia uma enorme saudade: todos tinham ficado lá, enquanto ele se mudou para a cidade grande para tentar a vida.
Em São Paulo, ele vivia com suas paixões: sua esposa há 26 anos, Geralda (conhecida como Lada), e suas duas filhas, Letícia e Patrícia. Isso sem falar do carinho que tinha pelo esposo de Letícia, o Beto. Eles eram muito amigos e seu José o via como o filho homem que não teve.
Falando em sentimentos, há de se citar também a paixão pelo carro: tinha que estar sempre impecável. Seu José tratava o carro como um terceiro filho, sempre cuidando, conservando e deixando cheiroso.
José foi um exemplo de pai, sempre protetor. Um exemplo de marido, sempre carinhoso. Um exemplo de irmão, sempre preocupado com os que haviam ficado em Minas Gerais.
Sua filha Letícia relembra um momento especial junto a seu pai:
“Minha formatura foi algo que marcou muito. Desde os tempos de colégio, ele sempre lutou para me matricular nas melhores escolas públicas da região. Ele não tinha condições de pagar um colégio particular, então passava noites dormindo nas filas de escola para conseguir uma vaga. Mesmo com a deficiência física dele (aos oito anos de idade teve paralisia infantil), nunca deixou que nada atrapalhasse para que eu tivesse bons estudos e fizesse cursinhos. Ele sempre acompanhava o quanto eu sofria no decorrer do curso, às vezes eu chegava chorando e virava noites estudando. E, no dia da minha formatura, ele chorou muito, disse o quanto me amava e que eu era um dos maiores orgulhos e vitórias da vida dele”.
“Meu querido, meu velho, meu amigo”. É assim que era chamado por suas filhas e sua esposa. Sempre será lembrado pela família e pelos amigos como uma pessoa guerreira, trabalhadora - que desafiou o mundo para conquistar seus objetivos. Deixou um legado de muita luta nesta vida.
José nasceu Sem-Peixe (MG) e faleceu São Paulo (SP), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Priscilla Romana Fernandes, em entrevista feita com filha Letícia Leal Gomes, em 20 de maio de 2020.