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José Pedro Rossetti

1954 - 2020

Era um homem de amores, especialmente à família, à pesca, aos animais e ao bigode.

Se você era amigo de José Pedro Rossetti, provavelmente recebeu um trote dele. Ele gostava muito de brincar, de divertir os amigos, de apelidar. A sogra, por exemplo, quase nunca escapava das brincadeiras e sempre caía nelas.

Apegado às pessoas do seu convívio, sempre fez questão de mostrar o quanto se preocupava com elas. Antes de existirem celulares, ele mandou a polícia na casa das filhas, Ana Luiza e Ana Lucia, porque o telefone delas sempre dava ocupado quando ele ligava. Depois, ameaçou mandar o corpo de bombeiros para descobrir o que tinha acontecido. Era bem-humorado desse jeito.

No dia da formatura de Ana Luiza, naquele aperreio que é para todo mundo se arrumar, Pedro resolveu raspar só metade do bigode, sua marca registrada, e disse que iria daquele jeito mesmo. Conversa para cá, conversa para lá, ele resolveu tirar tudo. Foi uma das poucas vezes em que apareceu de rosto limpo.

O mais animado dos churrascos. A pessoa que adorava ganhar presentes. O esposo de Lucia. José Pedro Rossetti deixou em vida muitas recordações.

Em Lucia, eternizou-se e fez poesia. Escolheu o Dia dos Namorados, 12 de junho de 1976, para começar a construir a história da família. Namoravam há quatro anos quando isso aconteceu. Agora, somavam 43 anos de casados.

As filhas o homenagearam na própria pele. Colocaram as duas assinaturas em formato de tatuagem: primeiro, o nome completo. Depois, um bigodinho. Ana Luiza também guardou em si o desenho de um anzol, porque ninguém poderia esquecer da paixão do pai pela pesca.

José nasceu São Paulo (SP) e faleceu Santos (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Josué Seixas, em entrevista feita com filha Ana Luiza, em 17 de maio de 2020.