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José Ricardo Magela Vilela

1974 - 2020

Apaixonado por música, família e amigos. Mas com ele por perto, não se falava em política.

Só havia uma coisa que tirava o José Ricardo do sério. Quando o assunto era política, ele não tinha a menor paciência e abandonava a roda de conversa sem pestanejar. No táxi, que ele dirigiu pelas ruas de Belo Horizonte durante mais de dez anos, aguentava impaciente o passageiro que insistisse em falar de políticos e suas tramoias.

Agora, se o papo fosse sobre música boa, aí ele não tinha pressa. Curtia o rock e não dispensava um samba.

A música e a família eram as suas grandes paixões. Era pai orgulhoso do Felipe e do Vinícius, filho primogênito do seu Geraldo e da dona Naci da Conceição. Nos encontros de família, brincava com o irmão Rogério dizendo que queria ser igualzinho a ele quando crescesse - e caía numa gargalhada que contagiava todo mundo em volta.

Nos últimos anos, José Ricardo trabalhava como auxiliar administrativo em uma empresa seguradora e quase não tinha folga. Feriados e finais de semana eram atrás do volante, como motorista de aplicativos. O pouco tempo livre era para a família, para os amigos e para a Rosimeire, sua namorada.

Ela conta que José Ricardo só tinha um defeito: "Ele era atleticano!". Rosimeire era sua "pretinha linda", como ele a chamava carinhosamente, quando a beijava nos olhos. Estavam juntos havia 19 meses. Tempo curto no calendário mas uma eternidade nas doces lembranças de Rosimeire, que descobriu dolorosamente que não é em meses ou dias que se conta o tempo de um grande amor.

José Ricardo partiu dois dias antes de o coronavírus levar também sua mãe, dona Narci da Conceição Magela, que também terá uma homenagem aqui no Memorial.

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Um bom homem, que deixa dois filhos: Vinícius e Felipe.

Ricardo ou Dai, como todos o chamavam, era o dono de um sorriso ímpar... com um olhar que cativava. Dono de um coração sincero. Um homem com uma índole impecável, um senso de responsabilidade e organização invejável.

Aos 30 anos foi diagnosticado com diabetes e pouco depois com pressão alta. Foi se consumindo diante das dificuldades impostas pela vida. Embora com uma ansiedade à flor pele, nunca deixou de lutar e sonhar em ser uma pessoa bem sucedida.

Aos 44 anos estava reiniciando sua caminhada profissional. Na conquista de um novo amor: Rosimeire.

Seus filhos seguirão agarrados ao teu exemplo. Serão homens de bem, de caráter e com orgulho deste pai incrível que eles têm.

José nasceu em Piracema (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela namorada e pela ex-esposa de José, Rosimeire Esperança de Oliveira e Lucia do Carmo de Moura Vilela. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, com Cristina Piasentini, editado por Cristina Piasentini, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 29 de dezembro de 2020.