1949 - 2020
Acreditava tanto no poder da educação que, sem saber, educou todos na arte de ser generoso, dedicado e correto.
De origem muito humilde, José Roberto cresceu ao lado de três irmãos e destacou-se na vida, por sua obstinação pelo conhecimento.
Jamais se despedia de um amigo ou familiar, sem antes contar uma bela história de vida ou assar uma carne com maestria.
Os muitos amigos que fez na diocese que frequentava, na escola e na universidade o conheciam por uma porção de nomes diferentes: Roberto, Bebeto, Roberto, Sousa, Beto... Todos se referiam ao mesmo homem, determinado e batalhador, que jamais deixou de acreditar no poder da educação.
"Dentro de casa, era meio mandão (...) às vezes, até chato mesmo. Mas sempre de um coração enorme", conta o filho Flávio.
"Estude, se esforce! Só estudando, é que se consegue algo no futuro!", Beto dizia.
Da escola militar de Três Corações à UERJ, um vestibular que ele passou na segunda tentativa (queria Medicina, mas temendo não conseguir nota, optou por Psicologia e, qual surpresa, pontuou bem além do necessário, o que o encheu de orgulho), sempre confiou no papel e caneta para superar as dificuldades.
Nunca hesitou em compartilhar com amigos e familiares o que tinha de melhor: seu conhecimento. Inteligente e bem informado, conversava com todos, sobre qualquer assunto. Também sabia ser generoso. Com apenas 19 anos, assumiu a tutela de um primo mais novo e, aos 53, repetiu a dose, ao tomar para si, a responsabilidade de criar o filho de uma grande amiga da família. Era pai para muitos. "Após a perda da minha mãe, há alguns anos, ele passou a ser minha base. Meu chão. Minha bússola, meu porto de segurança", conta o filho Flávio.
Mais uma vez, com muita dedicação e empenho, vinha passando conceitos de responsabilidade, dignidade e educação a uma pessoa. Por onde passou, somou conhecimento — e sempre multiplicou amor e carinho.
José nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de José, Flávio Silva de Oliveira. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Letícia Fortes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de junho de 2020.