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Josefa Maria de Jesus

1947 - 2020

Acordava cedo, fazia um delicioso cafezinho e ligava o rádio para ouvir o Padre Marcelo Rossi.

Zefa, como era conhecida por todos, ou Dódó, forma que era carinhosamente chamada pelo neto quando ele era pequeno, foi uma mulher maravilhosa, especial e única.

Cheia de garra, força, determinação e fé em Deus. Era divorciada e, mesmo sozinha, garantiu melhores condições de vida para os seus três filhos: Gilberto, Gilmara e Suzana. Ela também ajudou a criar o seu neto: Thiago.

Trabalhou como pedreira, faxineira, vendedora de salgadinhos e, através de todo seu esforço, conseguiu construir nove casas, proporcionando um bom futuro para sua tão amada família, que era o seu bem maior. Por ter sido tão amorosa e acolhedora, também se tornou a mais querida entre eles. Se surgisse alguma novidade, Zefa fazia questão de ligar para deixá-los atualizados e amava fazer aquela visitinha para tomar um café com cada um deles.

“Minha mãe fazia faculdade no período noturno. Era comum ela chegar cansada em casa pra cuidar de mim, aí a minha avó sempre ia dormir comigo e levava um monte de guloseimas pra gente comer.” conta seu neto Thiago, que relata sobre o último momento com a avó: “A última vez que a vi, ela não estava em condições de falar, mas eu sabia que iria ser a última vez que eu a veria, então eu fui, lhe dei um beijo na testa e agradeci por ela fazer de mim quem eu sou hoje.”

Zefa foi perfeita até nas suas imperfeições, agradou e encantou quem teve o privilégio de conhecê-la, foi alegria e deixa, além de um lindo legado, muitas saudades.

Josefa nasceu na Bahia e faleceu em São Paulo (SP), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo neto de Josefa, Thiago Pessoa. Este texto foi apurado e escrito por Bianca Ramos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Phydia de Athayde em 7 de outubro de 2020.