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Josilda Barbosa de Pinho Balestre

1963 - 2020

Não resistia às orquídeas e suculentas, sempre comprava ou arrumava uma muda.

Mulher guerreira, que amava a vida e sempre lutou por ela. Enfrentou mais de 20 infartos e anginas e sempre deixava o hospital mais forte, com ânsia de viver e curtir os netos.

Sua força e sua luta eram conhecidas por todos, inclusive pelos médicos, que sabiam o quanto Josilda, ou Jô, sonhava em estar saudável para conhecer o primeiro neto. E conseguiu! Não apenas conheceu o primeiro neto, mas o segundo, e, também, o terceiro!

Casada, gerou três filhas e ganhou mais uma, que o Universo lhe mandou... uma filha do coração, amada como as demais, e que também trouxe consigo dois filhos, amados como os três netos, multiplicando amor e alegria.

Há quem diga que sua coragem vinha de sua fé. Mulher de Deus, sempre estava pronta para levar uma palavra de sabedoria a todos. Mulher de fé, sempre intercedia com suas orações pelas vidas das filhas, netos, marido, genro, demais parentes e amigos.

Passeadeira, gostava de ir à praia, comer camarão frito com café e andar de bicicleta no calçadão. Só que ela não pedalava, ia atrás, rindo e curtindo a paisagem. E como gostava também de passear com os netos e brincar com eles... o difícil era ter fôlego para aguentar o ritmo da criançada.

A família sempre foi seu grande amor. Amava a casa cheia, os grandes almoços, aquele churrasquinho, ou fazer a sua famosa feijoada, que ela mesma não podia comer, mas que sempre fazia pelo gosto de ver todos, unidos, se deliciando.

“Agora seu sofá está vazio e a casa está sem cor. Estamos todos órfãos, com um buraco no coração, aprendendo a conviver sem a sua alegria, seu sorriso, sua garra e generosidade”, diz Carmen Helena, umas das filhas.

Aliás, generosidade foi uma de suas grandes marcas, ajudando a quem pedia e a muitos que nem precisaram pedir. Lá estava ela, estendendo a mão, com empatia e coragem, qualidades dignas de quem luta pelos seus ideais e pelo que acredita ser o certo.

Jô faz muita falta. Até mesmo as orquídeas e suculentas sentem saudades dela. Carmen Helena, outra filha, lembra-se com saudade até dos puxões de orelha que levara durante a infância e dos conselhos que sempre ouvia da mãe.

“Dona Jô, vó, vovozinha ou, simplesmente, Jô. Que saudade você deixou em nossos corações. Descanse em paz, minha ‘véia’”, despede-se a filha com o coração transbordando de amor.

Josilda nasceu em Oliveira dos Brejinhos (BA) e faleceu em Jundiaí (SP), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Josilda, Carmen Helena Britto Martins. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de dezembro de 2020.