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Juaniz Barbosa do Nascimento

1965 - 2021

Ele transmitia proteção e segurança, como se nada de ruim pudesse acontecer com a família.

Ele sempre foi uma pessoa maravilhosa, daquelas aparentemente bravas, mas com um coração de ouro. Alguém que poderíamos chamar de doce, mas com um leve toque de... "não mexa com os meus". Amava a justiça e se entristecia com qualquer coisa minimamente errada. Era um anjo em terra, o melhor pai, esposo, filho, irmão, avô e tio que Deus poderia ter dado de presente aos familiares.

Conheceu Verly em 1986 quando acompanhou seu pai numa viagem a Minas Gerais para rever amigos e parentes. Lá, numa visita a uma família, acabaram se conhecendo e foi amor à primeira vista! A partir daquele dia começou uma linda história na vida dos dois. Começaram a namorar por cartas e, logo depois, ele retornou para ficar noivo e marcar o casamento.

Casaram-se em 1988 e viveram juntos por trinta e três anos. Um casal que era admirado e querido por todos que os conheciam. A filha Camila comenta: “O meu pai sempre contava essa história e dizia que quando viu a mãe, não teve dúvida de que ela seria a mulher da vida dele. Sempre dizíamos que ele era a personificação da canção 'Esse cara sou eu', do Roberto Carlos: incrível, sensacional e parceiro”.

Além de Camila, Juaniz foi também pai de Rafael e avô de Joaquim, a paixão da sua vida e a quem ajudou a cuidar amorosamente. Nesses dois papeis, foi a melhor pessoa do mundo: inspirador, honesto, justo, impecável e um super exemplo. Um homem apaixonado pela família e que por ela faria qualquer coisa, daria a vida se fosse preciso. Estavam sempre juntos na igreja, nos encontros da família, nos almoços de domingo, no "shopping", nas viagens para Minas Gerais e para a praia.

A filha conta mais sobre o modo de ser do pai e seus maiores prazeres: “Pessoa que nunca falava 'não' pra nós. Ajudava a todos da família, quando precisavam. Era meu pai que organizava as festas de família e que gostava de alugar chácara para reunir todo mundo. O melhor homem da face da Terra. Justo, amigo, fiel, companheiro, parceiro, amoroso, bravo e carinhoso. Os meus pais e meu irmão gostavam muito de pescar; eu preferia os almoços, os churrascos, as festas”.

“Ele amava estar reunido com a família dele e a da esposa, e quando se reuniam não podia faltar uma cervejinha, churrasco e o famoso truco. Quando meu pai faleceu, minha tia escreveu: 'Deus precisava de um anjo no Céu que fosse acolhedor, conselheiro, organizado e bravo, para todos obedecerem; por isso Deus levou seu pai'", continua Camila.

Juaniz trabalhou muitos anos como metalúrgico e depois passou a atuar como vigilante. Ele adorava ser aposentado e, sempre muito responsável, observava e corrigia. Ele acertava todos os tiros no escuro na época em que trabalhava em uma usina de reciclagem. O trabalho noturno permitia que ele resolvesse tudo o que fosse necessário durante o dia. Era só pedir que o Nascimento ia ao banco, pagava contas ou buscava remédios.

Nas horas vagas ele se divertia com jogos no computador, visitava a família e sonhava em ganhar na loteria para realizar os sonhos da esposa e dos filhos e também alimentava o desejo de comprar um sítio. Sempre dizia que quando a mulher se aposentasse, venderiam a casa para poderem comprá-lo.

Juaniz não dançava, mas para honrar o lugar de companheiro eterno da esposa, fez aula de dança. Gostava de ouvir o "Seresteiro das Noites", do Amado Batista, se possível acompanhado de torresmo e cerveja. Assistia a programas de esporte e, como palmeirense, não perdia por nada um jogo do seu time.

Ele era muito organizado e tudo dele sempre tinha lugar. Gostava de higiene, amava estar cheiroso e bem arrumado. Camila se recorda de boas passagens da infância com ele: “Meu pai sempre me levava para todos os lugares e sempre resolvia tudo pra mim, eu nunca tive nada com que me preocupar. Estávamos sempre resolvendo as coisas de moto; lembro que a primeira vez que caímos de moto ele precisava, por necessidade, que eu voltasse a pilotar. Então, ele me convidou para dar uma volta no quarteirão e ali eu mais uma vez perdi o medo”.

“Teve outra vez, quando eu era pequena e tinha medo de dormir sozinha, que ele passou pelo meu quarto e me chamou para irmos no fundo da casa, olhar o céu, as estrelas, e daí ele apontou para elas e disse: 'Filha está vendo só o céu, foi tudo feito por Deus, Deus que te ama filha e que jamais vai deixar nada de ruim acontecer com você. Confia'"!

“Ele também contava que quando foi pedir minha mãe em casamento não conseguiu encontrar a casa do tio onde ficaria hospedado e acabou dormindo no mato, ouvindo as onças na escuridão. Era o jeito bravo dele de resolver as coisas...”

Juaniz deixou um legado de honestidade e justiça. Camila finaliza a homenagem ao pai dizendo: “Fomos muito amados e muito abençoados por tê-lo conosco e de forma tão completa. Esta despedida se torna muito difícil, complicada, triste. Sempre irão faltar palavras e lágrimas irão brotar ao nos lembrarmos de você com tanto amor e carinho. A saudade será eterna. Para sempre te amaremos, nosso amado Nascimento"!

Juaniz nasceu em Malacacheta (MG) e faleceu em Limeira (SP), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Juaniz, Camila Sales Nascimento. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 18 de outubro de 2022.