1979 - 2020
Chamava atenção por sua alegria constante e contagiante.
Pensa em um homem alto e forte que, ao invés de uma cara fechada ou um semblante sério, carrega no rosto um sorriso constante, digno de quem é pura alegria e leveza. Pensou? Pois bem, esse era o Junior Cesar, também conhecido como Cobra D'água.
O apelido pode causar estranhamento em quem pensa em cobras como animais perigosos ou até traiçoeiros, mas a verdade não tem nada a ver com isso. Frequentador da praia do Tortuga, no final da enseada, Junior começou a ser chamado de Cobra pelos amigos, simplesmente porque só gostava de ficar na água.
O banho de mar era uma de suas atividades favoritas, mas o cara grandão e de coração bom também adorava reunir os amigos em casa para um dia de churrasco, cerveja e muita dança; pelo menos da parte dele! É que Cobra adorava dançar forró e sertanejo para manter o seu astral e o astral de todo mundo lá em cima.
Cobra amava estar com a família e com pessoas queridas. Morava no mesmo endereço que o irmão caçula, apesar de terem casas separadas. Uma proximidade que era fruto da cumplicidade dos dois "onde um ia, o outro ia junto", lembra Rodrigo, também conhecido como Perdigão.
Cobra também teve Valdirene e Ricardo, os primeiros filhos de dona Maria Adelice. Além deles, fez também um amigo-irmão, João Xavier, que é uma das principais testemunhas do quão companheiro Cobra era. Um sujeito que fazia questão de acompanhar os seus nos bons e nos maus momentos.
Maus momentos, porém, eram algo que Cobra naturalmente tentava evitar. Muito extrovertido e brincalhão, sempre dava um jeito de animar as pessoas e deixá-las felizes — porque não gostava de ver ninguém triste. Sabe aquela pessoa que você quer por perto? Então, era ele mesmo.
A alegria contagiante de Cobra era compartilhada com o mundo de diversas formas. Adorava fazer piadas e tirar sarro das pessoas. Em seu aplicativo de mensagens pelo celular, usava uma foto com a amiga Thays, só para dizer que eram namorados, ainda que os dois nunca tenham se relacionado dessa forma. O motivo? Fazer ciúmes na mulherada.
Quando não estava se divertindo e fazendo rir, Cobra estava na estrada. Aos 16 anos, começou a atuar como motorista de caminhão e não parou mais porque adorava a sua profissão. Por onde passava, transbordava amor e ajuda ao próximo e, também por isso, deixou genuína saudade.
Junior nasceu em Guarujá (SP) e faleceu em Guarujá (SP), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão e pelos amigos de Junior, Rodrigo Correia Santos, Thays Menezes e João Xavier. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 12 de agosto de 2020.