1974 - 2021
Encontrou na Psicologia o caminho para praticar a solidariedade que tinha no coração.
Ela era paulistana de nascimento, mas mineira de formação: junto ao irmão caçula, Gilson, passou boa parte da infância com os primos e tios nas calmas paisagens da cidade de Ponte Nova, no estado de Minas Gerais.
Kátia era uma pessoa simples em relação a tudo na vida. Na juventude, mudou-se para Diadema, na Grande São Paulo, onde encontrou seu companheiro e com ele formou sua família. O casal teve três filhos: Jéssica, Bruno e Yngrid, a mais nova. É a caçula quem diz que o pai sempre "arregaçou as mangas" para sustentar a família. "Nos últimos anos, o amor entre eles estava ainda mais forte", revela Yngrid.
Com os filhos criados, Katia pensou em voltar a estudar. Era muito comunicativa e solidária, então escolheu Psicologia. Apaixonou-se pela área e estava praticando os conhecimentos numa instituição de assistência social localizada no bairro do Jabaquara, em São Paulo. "Em 2019, ela me convidou para ir até o estágio com ela. Lembro de cada detalhe e da sua paciência com os idosos. No jeito de falar e no jeito de agir, ela tinha muita paixão por ajudar, por acolher", conta Yngrid.
Outro xodó de Katia eram as plantas. No quintal, várias delas recebiam água, terra, adubo e mimos daquela mulher de "dedo verde", como se diz. "O tempo que passava com as plantas era o seu momento de relaxamento e a deixava muito bem. Eu pedia: 'descansa, mãe', mas ela respondia que estava feliz".
Ao concluir a graduação, Katia sonhava em montar uma clínica, exercer atividades profissionais numa ONG ou mesmo numa instituição de ensino fundamental para crianças. "Mamãe terminou o décimo e último período do curso. Formou-se, porém não ficou sabendo da sua conquista", lamenta a filha.
"Mamãe era espírita e acreditava na vida após a morte. Ela costumava falar: 'Deus sabe o que faz'. Por isso, gosto de pensar que vamos nos reencontrar algum dia. Ela se foi, mas o legado de amor ao próximo ficou com a gente", garante Yngrid.
Katia nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 46 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Katia, Yngrid Alves de Araujo. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira e Ana Helena Alves Franco, editado por Luciana Assunção, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2021.