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Laerte Aviles

1956 - 2020

Um compositor nato. Para qualquer situação que fosse engraçada, triste ou alegre, ele rapidamente fazia um samba.

Este é um tributo que a sobrinha Eliana escreveu para seu tio, Laerte:

Quando jovem, era conhecido como Billy, numa época de rebeldia de sua vida. Porém, converteu-se ao Evangelho e sua missão se tornou ajudar e amar as pessoas como Jesus amou. O Billy ficou no passado e deu espaço ao diácono Laerte.

Foi auxiliar geral em uma fornecedora de gás por mais de vinte anos. Ele e o patrão tinham uma relação muito além da profissional. Tanto é que estava aposentado, mas continuava por lá, auxiliando em tudo. Sempre atendendo as pessoas com alegria.

Corintiano roxo, amava jogar bola, assistir aos jogos e, principalmente estar envolvido com os trabalhos da igreja.

Ele era um compositor nato. Qualquer situação que fosse, poderia ser engraçada, triste, alegre, corriqueira... rapidamente ele compunha um samba. Isso garantia sempre boas risadas em nossa família.

Jesus em primeiro lugar e, depois, sua esposa Magda. Era extremamente apaixonado por ela. Construíram juntos uma história de amor e superação. Ele era muito alegre, tranquilo, levava paz com seu jeito simples de encarar a vida, tinha um coração de criança. Por onde passava fazia amigos com uma facilidade imensa.

Viveu com Magda, o grande amor de sua vida, por mais de vinte anos. Juntos escreveram uma história de amor e superação. Os dois eram realmente as metades que se encaixavam ─ um completava o outro. Em 2018, Magda descobriu um câncer no fígado, lutou bravamente, era guerreira demais; quem a via, jamais imaginaria que ela estivesse doente. Sempre trabalhando sorrindo e lutando pela vida. No início do mês de junho, repentinamente teve uma piora muito grande em seu quadro clínico e ela faleceu no dia 10 de junho de 2020. No dia do velório, inconformado com a perda da sua amada, Laerte olhou para o céu e disse: "Guarda um lugarzinho aí para mim, minha preta. Daqui a pouco eu chego". Em menos de um mês, as palavras dele se cumpriram.

Uma música que ele amava, em especial, "Filho Perdido", da Banda Gerd, uma banda gospel da década de 90. Ele dizia ser a música da vida dele. A música conta a história de um filho que se afastou do seu pai para viver uma vida que acreditava ser boa. Porém, dá tudo errado. Então ele decide voltar para casa, mas com medo da forma que seria recebido. O pai, ao ver o filho, oferece a ele um banquete e um abraço, iniciando assim uma nova vida juntos. Assim era ele com Jesus.

Agora, será lembrado como uma pessoa que construiu uma vida com muita luta, mas firmada no amor, na fé e esperança em Deus.

Foi um homem com um coração de criança.

Laerte nasceu em São Bernardo do Campo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Laerte, Eliana Gouvea. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2020.