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Laide Jenoefa da Cruz Waszczuk

1956 - 2020

Eram tantos os afilhados e afilhadas sob sua proteção que todos disputavam o lugar de "o mais amado".

Laide era uma pessoa singular em todos os sentidos. Assim se refere com ternura, à mãe, a filha Denise.
Era uma mãe dedicada, que abdicou de seus sonhos para criar os filhos e os netos, fazia isso com muito amor. Sempre preocupada com todos, atenta aos desejos de todos da família.

Sua maior felicidade, com certeza, era ver a família toda reunida. Amava estar com todos os parentes, receber as pessoas queridas em casa e apreciava, principalmente, se tivesse um jogo de buraco no final da tarde. Sorri a filha ao se lembrar desse hobby da mãe.

Era tão querida e tão presente na vida de todos que é madrinha de muitos sobrinhos e filhos de amigos próximos. Quando nos juntávamos, era uma briga entre os afilhados para saber qual era o primeiro, qual era o mais amado, qual estava mais próximo.

Laide escolheu dedicar a vida a cuidar dos filhos e fazia isso com toda sua dedicação. Ela escolheu cuidar da casa e fazia isso com excelência, ela escolheu cuidar dos netos, escolheu estar sempre próxima dos familiares, escolheu aceitar todos os afilhados para cuidar e estar presente, escolgeu ser amiga verdadeira das pessoas mais próximas, e fazia tudo isso com todo seu coração. Tudo que ela se propôs a fazer, fez de forma intensa e com muito amor. Laide viveu com excelência.

Apesar dos problemas que a vida lhe trouxe, ela escolheu viver sorrindo e se divertindo com os que amava, independente de qualquer coisa que acontecesse, ela preferia se alegrar.

"Espero que nós, como filhos, possamos assumir esse legado que ela deixou, essa garra e alegria que ela nos ensinou", fala a filha encerrando essa singela homenagem a sua amada mãe Laide.

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Laide Jenoefa, a mãe ursa, a Tia Polaca, dona da banca de jornal.

Laide, conhecida como tia Polaca, era Dona de uma banca, que tratava como uma filha. Começa assim essa singela homenagem, da filha Gabriela.

Gostava de estar com a família, cuidava de tudo e de todos. Jogar buraco e beber caipirinha na quadra da escola de samba, estava entre as coisas que a alegrava. Também amava ler.

"Tinha mania de ser um espelho das dores dos outros, se você tinha dor de cabeça de manhã, ela também tinha à noite, motivo de piada entre nós, seus filhos. Às vezes inventávamos dores e doenças leves, para vê-la falar, que também estava começando a ter aqueles sintomas ou aquela doença", diz Gabriela, recordando as brincadeiras dela e irmãos com as manias da mãe.

"Muito devota de Nossa Senhora Aparecida, quando engravidou aos 39 anos, minha mãe me deu o nome do meio de Aparecida, foi uma promessa que ela fez, se eu nascesse bem e saudável, e ela também ficasse bem." Lembra Gabriela Aparecida. E segue contando que, "quando entrei na escola, detestava ter esse segundo nome, Aparecida, mas depois que descobri essa história, comecei a sentir como se Nossa Senhora tivesse colocado seu manto sobre nós. Me senti especial por ter a honra de ter recebido esse nome".

Os filhos, os netos, a banca de jornal e sua família estavam acima de tudo para Laide. Era a tia mais querida, madrinha de metade das pessoas da família, e quando estavam todos juntos, disputavam sobre quem teria sido o primeiro afilhado, o mais querido. Com os amigos ela era uma boa ouvinte e conselheira. "Tão marcante e inesquecível que, quando ela faleceu, recebi mensagens de ex-namorados da época de sua juventude. Ela espalhava amor e carinho por onde passava. A pessoa mais batalhadora e acolhedora que eu já conheci na vida.", relata Gabriela.

Mãe de três filhos: Gabriela Aparecida, Denise e Paulo - em ordem crescente. Enfrentou tudo o que foi preciso para assegurar o futuro de sua prole. Acolhedora e afetuosa, era uma mãe ursa, não só para seus filhos, mas também para os sobrinhos, afilhados, amigos e amigas, que foi conquistando durante sua linda jornada de vida.

"Um dos dias mais felizes das nossas vidas, foi quando nos mudamos, eu e minha mãe, para nosso apartamento, que ficava do lado da banca de jornal. Não dava pra saber quem estava mais feliz, ela por finalmente deixar um relacionamento de 30 anos, conflituoso em função do alcoolismo do marido, e enfim estar em paz, ou eu por poder proporcionar isso pra ela. Ela faleceu dois anos depois de conquistar a tão sonhada liberdade, mas viveu esses dois anos como os mais felizes de sua vida". Recorda com afeto, a filha Gabriela Aparecida.

Será para sempre lembrada como a melhor mãe do mundo. Vivia para ser mãe, criou e educou praticamente sozinha três filhos e depois ajudou muito com os quatro netos.

Gabriela Aparecida, termina essa singela homenagem, dizendo que "Laide, sua amada mãe, foi colo e cafuné até o último minuto de sua intensa existência".

Laide, a Tia Polaca, viverá para sempre em todos aqueles que tanto amou.

Laide nasceu em São Joaquim Tavora (PR) e faleceu em São Paulo (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas Filhas de Laide, Denise Waszczuk e Gabriela Aparecida Waszczuk . Este tributo foi apurado por , editado por Cristina Marcondes, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 31 de março de 2022.