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Laudeci Maria Ferreira Paes

1954 - 2021

De sorriso fácil e lágrimas soltas, era feita de delicadeza e amor.

Lau ou Ci, como era conhecida pela família e amigos mais próximos, sempre foi exemplo de superação e resiliência.

Começou a trabalhar aos 12 anos em uma padaria e, aos 13, já trabalhava em uma loja de tecidos. Dizia com orgulho que tinha comprado o enxoval de seu irmão mais novo com o próprio salário.

Aprovada em um concurso público, foi secretária executiva de um grande hospital, demonstrando ser uma mulher à frente de seu tempo, chegando até mesmo a sustentar sozinha a família em alguns momentos do casamento.

Era também a determinação em pessoa. Não tinha medo de arriscar, de ousar. Junto com João, seu grande amor, com quem compartilhou a vida e a felicidade por quarenta e cinco anos, construiu uma casa confortável na cidade de Palmares, no interior de Pernambuco, onde a família dormia em um cômodo enquanto outro era construído.

Mostrou mais uma vez ser uma mulher à frente do seu tempo quando mandou sua filha mais velha, Lela e, depois o seu caçula, Dudu, para estudarem na capital, Recife, mesmo chorando todas as noites por saudades deles. Como recompensa, ganhou uma enfermeira e um engenheiro militar, seus maiores orgulhos, pois sempre dizia que a herança que deixaria a eles seria a educação.

Em 2009, demonstrou toda sua força e vontade de viver, sobrevivendo a complicadas cirurgias para a retirada de aneurismas. Segundo o experiente médico que a operou, Laudeci teve o maior aneurisma que ele já havia visto em trinta e quatro anos de experiência.

Após as cirurgias, muita coisa mudou: a antiga Lau, hiperativa e impetuosa, deu lugar a uma versão que aflorou o seu lado doce, sensível e sereno. Porém, o que não mudou foi o seu cuidado com a aparência. Gostava de estar sempre bem vestida, com o cabelo arrumado, bem maquiada e com as unhas feitas. “E como ela gostava de ouvir: ‘Como a senhora está bonita, mamãe...’ E ela sempre respondia do mesmo jeito: ‘Estou mesmo filho(a)?’", recorda o filho, Carlos Eduardo.

Suas netas, Thalita e Maria Eduarda, sempre foram seus amores. Tratava genro, nora e irmãos como filhos e, seus sobrinhos, como netos.

Sua bondade, generosidade e piedade sempre foram as suas principais virtudes, marcas que ficarão no coração daqueles que a conheceram.

De tão especial, foi para os braços do Pai justamente no dia do seu aniversário, 4 de março, tendo agora duas datas de nascimento: uma na vida terrena e outra, agora, na eternidade.

E para o filho, hoje, lá do céu, ao lado do Seu Criador, sua mãe continua fazendo o que sempre fez: zela por todos aqueles que ama, deixando em quem ficou a saudade, mas acima de tudo, o amor, sentimento este que plantou e colheu em seus 67 anos na Terra.

"Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." (2Tm 4:7)

Laudeci nasceu em Barreiros (PE) e faleceu em Maceió (AL), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Laudeci, Carlos Eduardo Ferreira Paes. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 22 de abril de 2021.