Sobre o Inumeráveis

Laura Wendler

1946 - 2021

Seu coração transbordava amor. Chamava as sobrinhas de "filhinhas" e dedicava a elas e toda a família o seu afeto.

Mulher de fé, forte e guerreira. De origem humilde, Laura era uma das meninas entre as três filhas e os quatro filhos do casal Maria e Natanael.

Adulta, mas ainda bem jovem, foi morar no Rio de Janeiro junto com sua irmã mais nova. Foi lá que ela conheceu e se apaixonou pelo pai de seu filho, com quem esteve até o divórcio.

Trabalhando como contadora de um colégio de padres, Laura conseguiu sua estabilidade financeira e, com isso, pôde levar sua mãe para morar com ela. As duas eram muito unidas e a avó ajudou na criação do neto.

Laura precisou de muita força quando se tornou mãe, mas essa sempre foi sua característica mais marcante: era forte e guerreira ― e assim enfrentou os desafios junto com o filho que, após o nascimento, precisou se submeter a várias cirurgias devido a uma deficiência no esôfago.

"O filho sempre foi tudo para ela", conta a sobrinha Edna, que lembra que a tia Laura costumava dizer que "tinha muito medo de morrer e deixar o filho Jair, que é autista". Quando a mãe faleceu, Jair estava com 37 anos.

Sua vida sempre foi do trabalho para casa e da casa para a igreja. A fé e o amor pela igreja é uma herança familiar. E por falar em família, ela não costumava sair muito de casa, mas quando recebia uma visita dos seus, fazia questão de apresentar-lhes o zoológico da cidade. Dizia que "era um lugar que todos deviam conhecer", lembra Edna.

Tia muito afetuosa, Laura considerava suas sobrinhas como filhas e as chamava de "filhinhas". Tinha aproximadamente vinte sobrinhos e muito carinho por cada um deles, mas dizia que Edna era especial por ter sido a primeira sobrinha.

Dona Laura era muito organizada, gostava de tudo muito arrumado, com cada coisa no seu lugar. Ficava muito brava quando procurava algo e encontrava fora de onde deveria estar! Mas, pessoa muito educada que era, nem isso a fazia falar palavrões.

Edna e a Laura sempre forma muito próximas, tanto que a sobrinha morou junto com a tia na época de colégio e Edna fala de sua gratidão por saber que, mesmo com limitações financeiras, a querida tia Laura era quem pagava as mensalidades do colégio particular onde ela estudou.

As duas iam juntas na igreja aos sábados e frequentemente faziam declarações carinhosas uma para outra. "Sempre falávamos que nos amávamos", diz a sobrinha com afeto. E é usando a palavra "amor" para definir sua tia que Edna termina esta singela homenagem à Dona Laura, lembrando que esse é o sentimento que dela transbordava para todos os seus familiares.

"Continua irradiando amor, Tia Laura. Saudade eterna de todos os seus sobrinhos e sobrinhas, de todos os seus familiares e de sua 'filhinha', Edna".

Laura nasceu em Afonso Cláudio (ES) e faleceu em Linhares (ES), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Laura, Edna Wendler. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Cristina Marcondes, revisado por Larissa Reis e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2021.