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Leandro Mariano Pissolito

1984 - 2021

Viveu de forma simples e feliz, curtindo a família que construiu e representava seu maior orgulho.

Um filho exemplar, que sempre deu muito orgulho para os pais, bem como se orgulhava da educação que deles recebeu.

Começou a trabalhar cedo e logo seguiu os passos do pai como motorista de caminhão. Desde jovem, foi sempre muito responsável e diferente dos outros. Determinado, quando colocava algo na cabeça não tinha quem tirasse. Desejava incessantemente acertar na vida, lutando dia e noite para que isso acontecesse.

Extremamente trabalhador, nunca reclamava dos compromissos, de ter que dormir apenas três horas por noite, de estar cansado ou de não gostar do trabalho. Era muito comprometido, responsável e a maioria de suas viagens ocorriam na cidade de São Paulo.

Dono de uma transportadora, pouco a pouco, estava realizando os seus sonhos. Desejava comprar um caminhão novo, daqueles enormes e supermodernos. Sonho que foi realizado em março de 2021, pouco tempo antes de sua partida. No dia em que comprou, disse que, se morresse, estaria feliz, porque tinha conseguido tudo o que desejava: construir uma família e comprar um caminhão novo.

Ele tinha muito carinho pelos tios, primos e por sua avó, e sempre que possível tentava estar presente. Leandro era o filho do meio entre as irmãs Juliana e Bruna. Ele as amava muito, queria sempre tê-las por perto e os três tinham ótimas recordações da infância. Possuía uma conexão muito forte com a mais velha que, volta e meia, relatava sentir-se um pouco mãe e responsável por ele. Bastava algo dar errado, que o Leandro logo a chamava para socorrê-lo como um porto sempre seguro.

A esposa Sara conta em detalhes como ela e Leandro construíram sua história de amor: “O Lê era meu vizinho, nos aproximamos na época da escola e nos tornamos amigos inseparáveis; éramos confidentes um do outro. Sempre diziam que ele era apaixonado por mim e levávamos na brincadeira, até que a brincadeira acabou e começamos a namorar em 2005. Em 2010 nasceu nosso primeiro filho, Guilherme; em 2012 nos casamos, em 2014 nasceu o Ricardo e em 2017 o Henrique”.

“Leandro era um marido muito carinhoso, que fazia eu me sentir muito amada e sempre me colocava em primeiro lugar na vida dele, muitas vezes até acima de suas próprias vontades. Tínhamos nossas diferenças e alguns conflitos, mas o amor e a vontade de estarmos juntos falava mais alto.”

“Nossa vida sempre foi de muita luta, lágrimas, alegrias e conquistas. Nos amávamos muito! A paixão do Leandro era a nossa família, o caminhão e o trabalho, nunca vi um homem trabalhador e responsável como ele.”

Sara exalta as qualidades de Leandro como pai: “Ele era um pai maravilhoso! Quando não estava trabalhando, fazia questão de ficar com as crianças, bagunçar, brincar. Na verdade, ele parecia outra criança. Nossos filhos têm inúmeras boas lembranças ao lado dele: em casa, gostava de acampar na sala, fazer cabana ou churrasco para as crianças. Entretanto, as lembranças mais marcantes são os passeios de "buggy" na praia. Ele chegava com a caixa de ferramentas e ficava umas duas horas mexendo nele até funcionar; depois, era só alegria com as crianças. Como disse meu filho Ricardo: 'Parece que o papai gostava mais de arrumar o "buggy" do que de andar... passava quatro horas trabalhando pra ele funcionar, mas só andava meia hora!'”.

Nas horas vagas, Leandro praticava jiu-jítsu ou ficava em casa com os filhos. Aos sábados, jogava futebol. Isso era sagrado! Outra grande alegria dele era acender a churrasqueira e, sempre que podia, ia para Itanhaém curtir a casa de praia da sogra e o seu tão querido "buggy".

Quando a família se reunia, Leandro gostava de preparar churrascos. E como todos tinham certa dificuldade de falar 'não' para ele, quase sempre conseguia satisfazer algum desejo, principalmente, uma lasanha só para ele no almoço de domingo, que a mãe fazia com todo amor desse mundo.

Seu alimento favorito era açaí, que ele consumia quase todo dia. Podia estar frio, chovendo, que não tinha jeito: ele chegava em casa com um pote. "Tanto que meus filhos começaram a tomar açaí logo que completaram 6 meses de vida", conta Sara.

No campo musical, sua banda favorita era O Rappa. “Todas as vezes que escuto a canção Anjos, me recordo dele", conta Sara, "principalmente no trecho: [...] 'Eu vou pedir pros anjos cantarem por mim / Pra quem tem fé, a vida nunca tem fim / Não tem fim'".

Sara fala também sobre a personalidade do marido: “Ele encarava a vida de uma forma leve e divertida. Para ele, felicidade era sinônimo de estar com as pessoas que amava. Não fazia nada que o desabonasse. Se ele convidasse alguém para algo, é porque ele realmente queria a presença daquela pessoa. Não vivia de aparências, pouco se importava com coisas materiais. É possível resumi-lo em algumas palavras: família, trabalho, açaí, churrasco e praia”.

“Não era ambicioso e se dizia feliz e realizado com tudo o que tinha. Algumas vezes ele era pouco assertivo em suas palavras e atitudes, mas tinha um coração enorme. Não posso negar que ele tinha um gênio difícil, mas por trás tinha um coração enorme."

“Hoje só nos restam lembranças lindas e alegres. O Leandro era um ótimo pai, curtia muito as crianças. Ele trabalhava muito e a semana era muito corrida; então, os finais de semana aqui em casa sempre eram de muita bagunça e alegria” diz Sara, concluindo esta bela homenagem.

Leandro nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Leandro, Sara Cristina Duarte do Nascimento Pissolito. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de dezembro de 2022.