1927 - 2020
Os Natais em sua casa eram maravilhosos, ela sempre elegantérrima e a casa toda decorada. Inesquecível.
Seu apelido era Leduccia (Ledinha em italiano). Antes de aposentar-se foi cirurgiã-dentista, competente e atenciosa.
Atualmente, equilibrava seu tempo lendo, fazendo palavras-cruzadas, tricô, tocando piano, indo ao teatro (sua paixão), saindo ocasionalmente para comer pizza com a família ou viajando para o litoral do Guarujá e fazendo caridade. Muito religiosa, era famosa pela solidariedade.
Era viúva de Hilário Torloni - ele foi deputado estadual, vice-governador de São Paulo e secretário da cultura do município de São Paulo -, não teve filhos, mas considerava a prima Fernanda como “a filha que não teve”. A filha de Fernanda, Élena, por sua vez, era sua querida.
Espirituosa e agitada, Leda era protagonista de muitas histórias engraçadas. Como a vez em que acompanhou Fernanda em uma festa de gala e usou um vestido antigo lindíssimo, de grife, mas que estava ligeiramente apertado. Resultado: Leda passou a noite andando como uma gueixa (alguns repararam pois ela mal se mexia) e educadamente recusando todos as bebidas e as delícias oferecidas, pois mal podia respirar. “Mesmo assim, manteve a elegância, o charme e a classe o tempo todo”, conta Fernanda.
Foi Leda, representando a primeira dama do estado de São Paulo, quem recepcionou a Rainha Elizabeth quando esta veio ao Brasil em 1968. Tão boa anfitriã que foi, e tal sua ansiedade para recepcionar outra princesa que chegava, que foi a primeira a alcançar a maternidade quando Fernanda ia dar à luz à Élena. “Ela chegou ao hospital antes de mim e contava para todo mundo que a perguntaram se era ela a parturiente (risos)”, lembra Fernanda.
No ano passado, compareceu a um enterro, ao ler parcialmente na placa o nome de parentes viu escrito “Anunciata” (tratava-se de uma homônima), e assustada, perguntou se aquela Anunciata era ela, o que fez todo mundo cair na risada. “Pareceu uma cena de comédia italiana”, ri Fernanda.
Leda nasceu Ribeirão Preto (SP) e faleceu São Paulo (SP), aos 93 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Ticiana Werneck, em entrevista feita com prima Fernanda Giannasi, em 21 de maio de 2020.