1978 - 2020
Léo, que não imaginava um mundo sem abraços, dedicou-se à construção de leitos de UTI durante a pandemia.
Muitos dias depois do começo da pandemia, Leonardo Montoril Oliveira dedicava a maior parte do seu tempo acordado a fiscalizar a construção de leitos de UTI para pacientes da covid-19. Apaixonado pelas visitas religiosas que fazia à família e amigos, Léo não imaginava que conseguiria viver num mundo sem abraços ou sem os sábados de café.
Com Klebia, sua esposa, construiu a rotina. Primeiro, ela saía de casa para trabalhar e se despediam. Depois, saíam Léo, engenheiro, e o enteado, que se forma em engenharia civil no fim do ano e entrou no curso pelo exemplo de Léo. Eram grandes amigos. Comemoravam a vida que tinham todas as noites, quando estavam juntos, ou aos fins de semana.
Entusiasmado pelo trabalho, Léo gostava de visitar as obras até quando estava de folga, só para ver se estava tudo certo. Por ser gordinho, como gostavam de chamá-lo, quase ninguém acreditava que pudesse se dedicar tanto a tantas coisas - à família, ao trabalho, aos amigos.
Mas, para se ter ideia do quanto era próximo de todos, nunca faltou a um almoço de sábado na casa dos pais. E gostava de juntar todo mundo, feito festa. Tios, avós, primos, ninguém escapava do momento família. Amigável, gostava de fazer contato com os colegas da esposa e de manter conversas com eles, como se os roubasse. Tinha até quem gostasse mais de Léo do que de Klebia, lembra ela.
Por conta da pandemia, a despedida teve de ser à distância. Sem contato. Com medo de que fosse assim, Léo ainda pensava que em um outro dia ainda pudessem se reunir com todos e comemorar a vida.
Disse a todos que, por favor, se cuidem.
Leonardo nasceu Belém (PA) e faleceu Belém (PA), aos 41 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Josué Seixas, em entrevista feita com esposa Klebia Oliveira, em 21 de maio de 2020.