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Lindaura Batista Pereira da Silva

1961 - 2020

Dona de mãos mágicas, poderia ser considerada uma artista de tão perfeitos que eram seus trabalhos.

Durante a pandemia confeccionava máscaras; fazia consertos de roupas; pintava toalhas, fraldas e panos de prato; customizava chinelos e fazia muitas outras coisas com o dom incrível que possuía. Seu trabalho era admirado por muitos, e Lindaura tinha muito orgulho do ofício que executava com maestria.

Foi casada durante quarenta e um anos com Francisco Mesquita da Silva, a quem chamava carinhosamente de Pêpe. Eram apaixonados um pelo outro e, talvez por isso, a união tenha durado tanto tempo. Passaram por muitas dificuldades, mas se esqueceram de todas. Já do amor, faziam questão de se lembrar sempre.

Tiveram dois brotinhos de amor, Daniela e Jacqueline, que tiveram mais dois brotinhos de amor, Gabriel e Angélica. Lindaura construiu um jardim cheio de brotinhos de amor, e os regava todos os dias com afeto e carinho. Os brotinhos cresceram, mas nunca sem esquecer da origem afetuosa e amável que tiveram. Sentiram-se sempre orgulhosos em poder fazer parte de tão valorosa família; para eles, era como ter tirado a sorte grande.

Aliás, falando em plantas, Lindaura amava as suas, das quais cuidava muito bem. Orquídeas, manacás, azaleias, violetas, rosas, begônias, coqueirinhos, plantas de jade, bougainvilleas, lírios da paz, antúrios... Cuidava e amava todas com o mesmo carinho. Cozinheira de mão-cheia, fazia um frango cozido com polenta que era sagrado aos domingos.

Amava churrasco com os amigos. Animada, gostava de festa, de música sertaneja e outras da década de 60. Gostava muito de viajar e conhecer novos lugares. Era apaixonada por jogo de baralho, jogava cacheta com as amigas. Mesmo não frequentando a igreja, tinha uma fé imensa em Nossa Senhora Aparecida. Lindaura sabia que Nossa Senhora escuta e ampara os filhos mesmo quando eles não vão à sua casa, porque de amor de mãe ela entendia bem.

A costureira primorosa deixa saudade em todos que tiveram a oportunidade de conhecer a mulher incrível que foi. Familiares e amigos sentem saudade todos os dias. Uma certa Nossa Senhora precisava muito de gente como Lindalva lá em cima, de sorriso aberto, alma amável e dona do melhor frango com polenta de que se tem notícia.

Lindaura nasceu em Coimbra (MG) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Lindaura, Daniela Mesquita de Paula. Este texto foi apurado e escrito por jornalista , revisado por Ana Macarini e moderado por Lígia Franzin em 30 de março de 2021.