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Lindomar José da Silva

1975 - 2021

Churrasqueiro oficial da família, era ouvindo Zezé Di Camargo e Luciano que temperava a carne servida com amor.

“Ele era um anjo na terra, que veio para servir ao próximo!”, diz a esposa Erika. “Ah! Como sinto sua falta!”, lamenta. Foi numa quadrilha junina que se conheceram e onde traçaram o futuro juntos que já durava dezenove anos. Ele foi seu primeiro namorado e três filhos selaram a união, feita de admiração e muito amor.

Dedicado, amoroso, sempre presente quando se tratava de ajudar os pais e os irmãos. Aos filhos destinava seu carinho e interesse em que nada lhes faltasse. Eram seu tesouro. “Marido exemplar, meu tudo!”, conta Erika.

Lindomar era conhecido por ter um coração de ouro! Seu grande prazer e motivação era ajudar a quem precisasse. Uma inspiração!

Apesar dos momentos difíceis que passou quando descobriu que tinha um câncer na bexiga, conseguiu sair fortalecido e agradecido por tanta ajuda que recebeu da família e dos amigos. “Juntos vencemos; ele se livrou, graças a Deus!”, diz a esposa.

Homem de fé, não perdia uma missa às segundas-feiras. Era ali que acreditava que tudo daria certo e onde buscava forças para continuar seu caminho. E foi até o fim um incansável guerreiro.

Lindomar era auxiliar de eletricista e trabalhou como funcionário de benefícios de uma empresa de energia. Por problemas na coluna vertebral estava licenciado pelo INSS, mas nunca deixou de lutar e trabalhar por quem precisava mais do que ele. “Amava também trabalhar na política porque ali tinha facilidade de ajudar as pessoas carentes”, conta Erika.

A cervejinha com os amigos e a família era um dos seus prazeres. Seu coração era sincero quando brindava a alegria de estar entre pessoas muito queridas. Ele amava esses momentos.

Outra grande alegria na sua vida era ir com toda a família para a casa de praia da irmã. “Ele se sentia feliz e era nosso churrasqueiro oficial”, conta a esposa. Sua felicidade era completa quando cantava músicas de Zezé Di Camargo, com sua voz não tão afinada, mas que rendia brincadeiras e gargalhadas gostosas dos amigos. “Ele amava aquela folia!", diz Erika.

“Não temos mais nosso anjo protetor, nosso ser de luz”, lamenta Erika, mas ela lembra da música favorita de Lindomar, “No dia em que eu saí de casa”, de Zezé Di Camargo e Luciano, que fala em despedida. De tristeza pela separação, mas que também deixa a sensação de leveza e paz na direção dos céus. Afinal, um anjo deve um dia voltar a sua morada.

“…A minha mãe naquele dia
Me falou do mundo como ele é
Parece que ela conhecia
Cada pedra que eu iria pôr o pé
E sempre ao lado do meu pai
Da pequena cidade ela jamais saiu
Ela me disse assim:
Meu filho, vá com Deus
Que este mundo inteiro é seu
Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar ali
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar…”

Lindomar nasceu em Arapiraca (AL) e faleceu em Arapiraca (AL), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Lindomar, Erika Teixeira de Vasconcelos. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Míriam Ramalho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de outubro de 2021.