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Luis Carlos Moreira Camargos

1956 - 2021

De bem com a vida, dançou e cantou em alto e bom som.

Zé Pê. Assim era conhecido desde a adolescência, “ninguém sabe ao certo a origem desse apelido que acabou se tornando sua verdadeira identidade”, diz a irmã Regina.

A alegria de viver era um traço marcante de sua personalidade. “Gostava de correr, fazer musculação, pedalar, dançar e cantar. Tinha manias engraçadas como exibir seus músculos trabalhados na musculação e cantar bem alto com sua voz forte de barítono. Ele se achava lindo!”, conta a irmã.

Zé Pê foi engenheiro químico. Trabalhou em empresas multinacionais e recentemente como autônomo. “Devo a ele as aulas de química que recebi para o vestibular”, continua Regina. Amava o que fazia.

O cuidar do jardim de sua casa era também outra forma de expressar seu encanto pela vida. Sua alegria e leveza combinavam muito bem com o trato que dava às plantas que aprendeu a amar.

A netinha Alana, de 1 ano, que lhe deu alma nova, era só mais um motivo para aumentar sua alegria e criar a figura de “um avô muito presente, afetuoso e brincalhão - como foi enquanto pai”, diz a irmã.

Brincalhão também com as mulheres da família, ele gostava de “fazer chacota do hirsutismo familiar e receitar merthiolate para curar qualquer coisa - de micoses no pé a maus odores nas axilas. Gostava também de contar piadas sem sentido e que não tinham fim”, conta a irmã. Talvez fosse seu jeito de manter sempre uma atmosfera divertida e descontraída entre aqueles que amava. Seu eterno bom humor não combinava com ambientes tristes e tensos.

Teve um grande amor na juventude que o fez sofrer muito, mas encontrou um novo amor, sua companheira, com quem dividiu a vida por três décadas. Tiveram um casal de filhos, Iara e Pedro, que amou sem medida. Era feliz.

Muita gratidão é o que existe no coração dos que conviveram com ele e o amaram. “Devo ao meu irmão a afilhada maravilhosa, sua filha Iara, e momentos de pura alegria e carinho partilhados ao longo de nossa vida juntos. Devo a ele também eterna gratidão por me ajudar num momento dificílimo. Sei que ele tirou 'leite de pedra' para me ajudar, mas o fez com a generosidade e leveza que sempre foram suas principais virtudes”, despede-se Regina.

Luis nasceu em Belo Horizonte (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Luis, Regina Coeli Moreira Camargos. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Míriam Ramalho, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 2 de maio de 2021.