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Luiz Antonio Arduini Neto

1948 - 2020

Sentia gratidão pelas coisas simples da vida, onde a verdadeira felicidade é encontrada.

Luiz era apaixonado por Darcy, sua eterna namorada. "Era de longe o homem mais romântico que conhecemos", conta a filha caçula Andreia. Era desses que levam café na cama, acompanham na rua para dar segurança e se emocionam ao contar as histórias dos tempos de namoro com sua linda esposa, que carinhosamente chamava de "Bem".

Da união de quase cinco décadas com Darcy, vieram os filhos Sandra, Nando e Andreia, que os presentearam com os netos Enzo, Fabiana, Fernanda e Bruno.

"Que dia gostoso!" era isso que ele sempre falava quando havia passado o dia ao lado dos familiares; fosse em simples reuniões em casa, assistindo a um filme acompanhado dos seus e de um pote de pipocas ou mesmo dando uma voltinha na praça do bairro.

Honesto, sempre foi responsável e enérgico no trabalho. Trabalhou duro e foi exemplo para filhos e netos. Estava sempre pronto para ajudar e aconselhar. "Queria agradar o tempo todo: 'Posso fazer alguma coisa?', 'Quer água?', 'Gelada, sem gelo ou meio a meio?'", relembra Andreia as frases que ouvia do pai todo santo dia.

Adorava um bate-papo com vizinhos e contava a vida até para quem não devia. A dos outros não, a dele mesmo. Não gostava de fofocas, gostava mesmo era das coisas genuínas, corretas... Amava histórias com final feliz e músicas com letras bonitas. Nunca deixava de comentar: “Que música linda!”

Embora tenha tido infância e adolescência duras, bem à moda antiga, e claro, ainda carregasse as consequências dessa educação, aprendeu a reinventar-se e modernizar-se sendo o tipo do homem que cozinha, lava a louça, cuida dos filhos quando pequenos e apoia o desenvolvimento profissional da esposa.

"Meu pai era mais sério e até bravo antigamente, mas quando ficou mais velho, tornou-se mais engraçado. Por conta das confusões que fazia com as palavras e dos lapsos de memória (causados pelo início do Alzheimer), falava as coisas do jeito dele: a gatinha ele chamava de 'cachorro pequeno' e as máscaras ─ usadas durante a pandemia ─ para ele eram 'óculos de pano'", lembra saudosa a filha caçula dos termos inventados por ele e que divertiam toda a família.

Era são-paulino e, quando jovem, batia uma bolinha no clube. Gostava de acompanhar o neto Enzo no futebol. Outra coisa que amava fazer ─ sempre com a família toda reunida ─, era o churrasco na casa do filho Nando e da nora Silvana. Andreia reafirma que eram mesmo as coisas simples da vida que traziam felicidade a Luiz, como as idas à praia: "Ele ficava na água o tempo todo e parecia uma criança, aliás, ele também tinha o paladar infantil, adorava uma bolacha."

Luiz foi um ser humano excepcional que deixa na família a saudade e a falta de sua companhia, mas deixa também a alegria e o orgulho de poderem ter convivido com ele.

"Amor. Essa é a palavra que o resumiria", conclui lindamente Andreia.

Luiz nasceu em Conquista (MG) e faleceu em Itu (SP), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Luiz, Andreia Arduini. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Lígia Franzin em 30 de março de 2021.