1959 - 2020
Companheiro para rir, conversar e recitar poesia. Um professor universitário dedicado e sempre presente.
Luiz Di Souza foi um professor da vida e do viver. Companheiro de Margareth por 21 anos, foi um exemplo de amor e dedicação à família, aos amigos e aos alunos. Perto dele, todos se tornavam família. A bênção religiosa em 2013 com a companheira de tantos anos consolidou em alegria a união de amor, a família formada com os três filhos do coração Kalynne, Kassyo e Maria Paula e as quatro netas. O “Paidrasto”, como era chamado pela enteada Kalynne, era um apaixonado pela vida, pela justiça e pelas pessoas. Ela nos diz: “Ele era um ser de luz infinita”.
Luiz era professor da UERN, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, e doutor em Química. Desde os tempos em que fazia faculdade, sempre foi alguém diferente. Seus colegas o chamavam de Jimmy, em analogia a Jimmy Hendrix, porque, conta Margareth, “ele era um belo negro alto, magrelo, das penas finas” e usou durante muito tempo um “cabelão black power impressionante”. “Agora usava uma barba bem branquinha e o cabelo já estava curtinho”, lembra a esposa. Também gostava muito de andar vestido simplesmente, o que fazia às vezes parecer que ele não era quem era. “Saía de casa na rua só de bermuda, camisa pendurada no ombro e chinelo de dedo”, conta Kalynne, “minha mãe ficava louca dizendo que ele devia se arrumar melhor”. Mas era seu jeito de ser. Dizia que as pessoas têm que se vestir como se sentem bem.
Era um professor universitário dedicado. Muitos de seus antigos alunos viraram amigos, e com alguns aos domingos “nos reuníamos para o café da manhã e para recitarem poesia”, conta Margareth. A esposa conta que, por amor aos seus alunos tão queridos, Luiz inventava bolsas de estudos para que eles nunca desistissem de estudar: “mas essas bolsas ele pagava do próprio bolso”. E, de vez em quando, trazia uma dúzia deles pra almoçar em casa e “só avisava na última hora”, lembra Kalynne. “E minha mãe tinha que dar um jeito de pôr mais água no feijão”. Mas quando era seu dia cozinhar, conta a enteada, “fazia um virado hummm... e uma panceta que a gente só faltava não sair da mesa”.
Luiz era aquela pessoa com quem todo mundo podia contar. E construiu muitas amizades ao longo do caminho. De sorriso largo, gargalhada frouxa, conversa fiada boa de se passar o dia inteiro no converseiro interminável, Luiz era esse amigo que nunca cansa de ser presente, nem nunca se cansou de estar junto de quem queira estar com ele. Parece que nasceu pra ser dos outros, parece que nasceu só pra se doar. Luiz marcou seu tempo e sua história na história de todos que o conheceram. Kalynne nos diz: “Ele, que não teve filhos biológicos, nos adotou como filhos dele. E adotou muitos de seus alunos. Meu paidrasto foi anjo, foi luz, foi ensinamentos. Apaixonado pela vida, pela natureza e pela família, nos deixou prematuramente e preocupado por saber que talvez não pudesse voltar pra casa. Foi embora com a certeza de que nos encontraremos um dia e que nunca mais iremos nos afastar”.
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"Doutor em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos e pós-doutorado em Catálise Bioquímica pela EEL-USP, foi um importante pesquisador da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Também foi orientador de diversos estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado, e até ajudava financeiramente alguns estudantes nas suas pesquisas. Além de tudo, era extensionista, com destaque para o teatro científico. Foi um grande ser humano." lembra o amigo João Maria Soares.
Luiz nasceu em Alagoa (MG) e faleceu em Mossoró (RN), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de coração de Luiz. Este tributo foi apurado por Laísi Rocha, editado por , revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 20 de junho de 2020.