1988 - 2020
Adorava esportes e tinha um imenso prazer em cozinhar e comer bem.
Fagner, era assim que ele era chamado pelos familiares.
Quando Fagner nasceu, Alzira, sua mãe, levou o bebê para a tia Maria Fátima conhecer. Alzira não contou nada, mas tinha uma surpresa e a tia levou um susto ao saber que fora escolhida para batizá-lo. “Foi a melhor escolha, pois era um menino de ouro", conta a orgulhosa madrinha.
Uma das irmãs de Fagner, a Carol, levou o pequeno, quando tinha ainda 10 anos, para "andar de escada rolante" e ele fez a irmã subir e descer mais de dez vezes.
Era casado com Liliane, com quem teve dois filhos: Pedro, que completou 9 anos no dia do falecimento do pai, e Thiago, de apenas 2 aninhos. Como a esposa trabalhava durante o dia, ele cuidava das crianças e, à noite era a sua vez de ir para o batente, trabalhar como vigilante noturno.
Estava afastado do trabalho por causa de um problema vascular na perna. Sempre ligava para a tia-madrinha perguntando se precisava de alguma coisa.
Adorava esportes. Possuía muitos amigos e participava de um grupo que se reunia para jogar futebol uma vez por semana. Era torcedor fanático do Santos Futebol Clube. Também praticava Muay Thai e era viciado em jogar videogame.
Tinha um imenso prazer em cozinhar e comer. Fazia de tudo — de doces a macarrão, principalmente pudim. Cozinhava todo tipo de comida caseira.
Quando seu pai, Silvio Dias Novaes, estava internado no hospital se recuperando de um AVC, Fagner leu para ele o capítulo 28 do Livro dos Provérbios, cujo primeiro versículo diz: “O ímpio foge, embora ninguém o persiga, mas os justos são corajosos como o leão”.
E assim era Fagner, corajoso como um leão. Partiu quinze dias antes de sua mãe, Alzira da Silva Novaes, sem que ela soubesse que o filho havia falecido, pois estava intubada.
A história da mãe de Luiz Fagner também está guardada neste memorial, e você pode conhecê-la ao procurar por Alzira da Silva Novaes.
-
Esta é uma carta aberta de Maria Fernanda para seu irmão, Luiz Fagner:
"Luiz Fagner Dias Novaes nasceu na cidade de Santos, no dia 21 de julho de 1988. Era o caçula de quatro filhos. Cresceu e viveu por toda vida em Praia Grande, cidade do litoral de São Paulo. Meus pais escolheram o nome dele por causa do cantor Raimundo Fagner, tanto que em seu registro de nascimento tem um autógrafo do cantor.
Fagner era muito carinhoso com a família e com os amigos. Sempre estava de bom humor, amava jogar futebol e videogame. Começou a trabalhar muito cedo para ajudar a família e, desde criança, era muito responsável. Começou a trabalhar no Camp com 14 anos e nunca mais parou: foi porteiro, amarelinho, vendedor, até chegar a fazer o curso de vigilante, sua última profissão.
Conheceu sua esposa em 2009 e teve seu primeiro filho em 2011, casou-se com a mesma em 2015 e tiveram o segundo filho em 2017.
Mesmo sendo o caçula, dizia que seria o primeiro filho a realizar os sonhos de seus pais em serem avós, e, certeiramente, presenteou não somente seus pais, mas toda a família, com os amados Pedro e Thiago.
Em 2009, perdeu seu irmão mais velho na luta contra o câncer. Então, a chegada de Pedro à família, trouxe novamente a alegria. Eu, Maria Fernanda, fui convidada a ser madrinha de seu primogênito, o que me fez transbordar de felicidade, sendo este o melhor presente que ganhei em minha vida. Thiago, seu segundo filho, nasceu em 2017 e seu nascimento foi outra grande alegria para todos nós. Fagner era um pai dedicado e adorava jogar videogame com seu filho mais velho (Pedro). Já, com o pequeno Thiago, o caçula, que por sinal é a 'xerox' de meu irmão, gostava de ouvir músicas e dançar.
Gostava de cozinhar e sua especialidade era fazer macarrão e pudim. Muito ligado à família, sempre estava junto com seus pais e irmãs, disposto a ajudar a hora que fosse: era só ligar e, lá estava ele!
Nos seus últimos dias, mesmo doente, ajudava a cuidar do seu pai, que em consequência de um AVC, estava acamado e necessitava de seu apoio.
Amava sua família incondicionalmente, mas, infelizmente, veio a falecer no dia 12 de abril, data de aniversário de seu filho Pedro, que completava 9 anos. Neste dia, senti meu mundo desmoronar, não perdi apenas meu irmão, perdi também meu melhor amigo, meu porto seguro, a pessoa a quem eu sempre corria quando precisava de algo. Ali, meu mundo acabou.
Ele era gordinho, tinha a voz meio fanha e era supervaidoso. Amava cuidar do cabelo, mas não podia fazer muitas mudanças por causa da atual profissão. Sua marca registrada era o seu sorriso cativante e a facilidade que possuía em tirar um sorriso dos outros.
Amava as reuniões com os amigos de infância que, por sinal, a última ocorreu um mês antes de seu falecimento e ele estava muito animado com esse encontro.
Gostava muito de pagode, funk (um dos seus cantores preferidos era o Rodriguinho) e de filmes e séries, sendo Lúcifer, a de sua preferência.
Gostava de chamar a atenção por onde passava e sempre se achou um ótimo jogador de futebol.
Filho carinhoso, irmão dedicado, pai exemplar e marido amoroso. Sempre preocupado com todos, era muito carinhoso. Organizado e dedicado, estava feliz com a conquista da sua casa própria.
Meu aniversário foi no dia 22 de março, último que comemorei com a minha família. Na ocasião, meu pai já estava internado. Alegando que não deixaria esta data “passar em branco”, chegou em casa com minha cunhada e com um bolo, dizendo que futuramente comemoraríamos todos juntos, pois, acreditávamos que tudo isto passaria e minha família se reuniria novamente, mas, infelizmente, isto não aconteceu.
Faleceu pouco antes de completar seus 32 anos. Lutou bravamente, mas não resistiu às complicações do coronavírus."
Luiz nasceu em Santos (SP) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 31 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela tia e pela irmã de Luiz, Maria Fátima Maciel da Silva Melo e Maria Fernanda Novaes. Este texto foi apurado e escrito por Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 16 de agosto de 2020.