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Manoel Machado Fagundes

1943 - 2020

Reunia-se com os irmãos e amigos na fazenda para tocar violão e cantar noite afora.

Seu nome era Manoel, mas todo mundo o chamava de Neco.

Nádia o descreve como o pai perfeito e em suas palavras encontramos amor, carinho, afeto e nostalgia.

Neco sabia como se comunicar com sua filha usando apenas o olhar. Carregou o título de ser seu melhor amigo e confidente. Foi seu exemplo particular, seu herói favorito, e roubou-lhe seus melhores sorrisos. Para ele não havia tempo ruim, qualquer pessoa podia contar com suas boas conversas, ou bons conselhos, a hora que fosse. Sem pestanejar, estava sempre pronto para ajudar.

Apaixonado pelo viver, Neco gostava muito de contar sobre as vezes que ele e seus irmãos reuniam-se com os amigos à noite na fazenda para tocar violão e cantar. Cantava maravilhosamente bem, diga-se de passagem. Todo fim de semana que ia para Hidrolina, era um novo motivo para fazerem uma serenata às pretendentes dos amigos, usando e abusando de seus dotes musicais.

Com seu coração gigante, ele amava sua família incondicionalmente. Divina, sua esposa, e Max e Nádia, seus filhos, eram seus maiores tesouros. Ele estimava seus amigos por demais e apreciava a natureza como ninguém. Era apaixonado pelos animais, tanto que cuidava deles e os defendia prontamente.

Seu Neco cuidava de sua saúde e de si mesmo. Gostava de fazer caminhada todos os dias e de ver filmes de caubói com a filha. Também gostava muito de pescar e de conversar bastante. Nádia ligava para ele todos os dias e ficavam horas a fio no telefone só para ouvirem a voz um do outro. Vaidoso, não saia de casa sem estar devidamente arrumado e sem olhar-se muitas vezes ao espelho. Atrasado sim, malvestido jamais. Amava café amargo por mais que preferisse a vida mais doce.

Foi um homem religioso e caridoso. Ele rezava o terço todos os dias e ensinou sua filha a rezar também. Era devoto de Nossa Senhora de Aparecida e, quando seu irmão mais velho ficou doente, ele não mediu esforços para cuidar dele, afinal, sua família sempre viera em primeiro lugar em suas prioridades e em suas orações.

Quando jovem, trabalhou com seu pai na fazenda em que cresceu, e continuou trabalhando por lá mesmo depois de se casar. Foi vereador em Hidrolina até se aposentar e, nessa época, ajudou muitas pessoas com seu trabalho, sua dedicação e suas doações.

Bem-humorado e de uma inteligência que era só dele, Neco gostava de falar sobre honestidade em qualquer situação. Era a lição mais valiosa que ele ensinava aos filhos. Nos relacionamentos, com a família ou com os amigos, e especialmente nos negócios, ele jamais daria prejuízo a alguém. Até o dono do mercadinho perto da casa da família acreditava que Neco era um exemplo de honestidade.

“Devemos ser lembrados pela nossa honestidade e pelo bem que fazemos às pessoas”, dizia ele.

Com sua facilidade para fazer amigos e seu jeito especial de fazer bem a todos, seu Neco deixa uma enorme saudade para todos os corações que tiveram a sorte e a honra de conhecê-lo.

Manoel nasceu em Hidrolina (GO) e faleceu em Goiânia (GO), aos 77 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pela amiga de Manoel, Nádia Machado Fagundes e Ana Carolina Rodrigues de Deus. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Letícia Virgínia da Silva, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Rayane Urani em 22 de maio de 2021.