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Manoel Messias

1951 - 2021

Quando sentia falta das netas, batia no portão da filha só para poder dar um cheirinho e um beijinho nelas.

“Tudo que parecia difícil para a gente, ele transformava em nada. O amor sempre sobressaía.” Esse era Manoel: um homem forte, bravo, que raramente chorava e que ao mesmo tempo carregava um coração enorme, como conta a filha Walleska. Para cada uma das pessoas que amava, reservava um espacinho no peito e as abrigava com carinho, como fez com os filhos queridos, de sangue ou não.

Zelou por todos, escrevendo histórias de ternura: “Além de pai, ele era meu melhor amigo. Ele tinha coragem de contar as coisas para mim, porque sabia que eu o aceitava de todas as formas. Um momento especial foi o Natal e a virada de ano, o último ano com ele. Consegui juntar minha família com a família do meu esposo. E um dos momentos mais especiais é quando eu chego toda maquiada e ele me faz um carinho na cabeça dizendo assim: ‘Minha filha, você não precisa disso tudo, você é linda do jeito que é’”, recorda Walleska.

Os netos também aproveitavam de todo o carinho do avô. “Era maravilhoso! Saía da academia todos os dias e passava lá em casa para poder ver as netas.”, nas palavras da filha.

Verdade é que Manoel tinha grande apego por sua família. Mesmo morando longe dos irmãos e cunhados, se esforçava para estar sempre presente. Natal, Ano Novo, festas de aniversário, gostava de viver as comemorações e os momentos mais felizes ao lado dos parentes que amava.

Tanta doçura era recompensada com ainda mais carinho por aqueles que o conheceram. Trabalhador dedicado na carreira de pintor por mais de quarenta anos, era amado pelos vários clientes que conquistou. “Ele era muito requisitado. Onde fazia o serviço, ficava dez, quinze anos trabalhando na mesma casa.”, conta a filha. Era tão querido pelos clientes que atendia, que eles se juntaram para ajudar a realizar seu desejo de ter sua última morada junto da família em Minas Gerais.

Além da paixão pela pintura, uma das coisas que mais gostava era se exercitar na academia. Debaixo de sol ou de chuva, de segunda a sexta-feira por pelos menos cinco anos seguidos, Manoel não via a hora de terminar o serviço para ir treinar. Talvez essa seja a razão para seu espírito jovem aos 70 anos: “Nunca demonstrava para ninguém a idade que ele tinha. Ordinariamente estava forte, habitualmente um jovem de 18 anos”, rememora filha.

Manoel nasceu em Muriaé (MG) e faleceu em Serra (ES), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Manoel, Walleska Brendda Da Silva. Este tributo foi apurado por Brenda de Oliveira Teixeira , editado por Brenda de Oliveira Teixeira, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 11 de fevereiro de 2022.