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Manoel Panta Leão

1935 - 2021

Dar a benção era seu grande ato de amor. Apesar dos desafios, encontrou na fé e na família o suporte para uma vida plena.

Seu Mané. Assim era chamado aquele que adorava dar a benção. “Não vai pedir a benção, não?”, dizia ele toda vez que alguém se esquecia por pressa ou desatenção. Era um hábito antigo de troca de afeto, de dizer que se importava, que queria bem a quem lhe desse a mão.

Impunha respeito, mas era carinho que queria receber de todos os filhos, netos e bisnetos, e claro, seu jeito de dizer que os amava. Sua braveza era só por fora, “no fundo tinha um grande coração”, conta a nora Jane.

Adorava estar com a família. Viúvo e casado pela segunda vez, era com Quitéria que compartilhava seus filhos do primeiro casamento e as “filhas de coração” da companheira. Formavam uma grande família que, em dias de festa, alegravam ainda mais o coração de Seu Mané.

“Adorava comida boa, passear e ir à feira aos domingos”, diz Jane. Um homem simples, íntegro e cheio de humor para os relatos que ouvia em família. Sempre atento às conversas, “não perdia o momento de fazer uma piada”, lembra a nora.

Religioso, sua fé movia mundos caso fosse necessário. Assim seguia seus dias e ficou conhecido como um “obreiro irrepreensível”, conta Jane.

Apesar da vida ter sido repleta de desafios, Manoel sempre encontrou na fé e na família o suporte para uma vida plena. As saudades são enormes, um vazio se instala no coração de quem o amou, mas as boas lembranças o tornam inesquecível.

“Fará muita falta’”, despede-se Jane.

Manoel nasceu em Caruaru (PE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Manoel, Jane Ferreira de Aquino. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Míriam Ramalho, revisado por Lícia Zanol e moderado por Lígia Franzin em 31 de março de 2021.