1960 - 2020
Apaixonado por sua "Lady Di", pelo filho Arthur e pelo futebol; levava a luz da alegria aonde quer que fosse.
Marcelo era pernambucano; sua família migrou com ele, ainda muito pequeno, para São Paulo, como a maioria dos nordestinos na década dos anos 1960, em busca de melhores condições de vida. E em São Paulo Marcelo cresceu, se estabeleceu e constituiu família. Ele costumava dizer que era paulista de coração, por ter sido muito feliz na "Terra da Garoa".
E foi bem aqui em São Paulo, mais precisamente na Zona Leste da capital, trabalhando como motorista, que Marcelo conheceu sua amada Maria Aparecida. Ela trabalhava na cozinha de uma empresa que produzia e fornecia alimentos para trabalhadores de diversos setores. Ele, como era o motorista, ia todos os dias até a cozinha para pegar "as quentinhas" e entregar pela cidade.
E foi de tanto visitar a cozinha que Marcelo se rendeu aos encantos de Maria Aparecida. Começaram um flerte, o flerte evoluiu para o namoro. "Namoro à moda antiga!", disse Aparecida. "Eu logo o levei para conhecer minha família. Ele rapidamente adotou minha mãe e minhas quatro irmãs como se fossem sua própria família! Ele era louco pela sogra, pelas cunhadas e sobrinhos. Amor recíproco, viu?! Porque todos o amavam demais também!"
Foram 32 anos de um casamento baseado principalmente no companheirismo. Do amor de Marcelo e Aparecida, nasceu Arthur. O menino demorou a vir porque o apaixonado casal fez questão de espichar ao máximo a lua de mel. Viviam passeando por aí, fazendo pequenas viagens e excursões; uma delas a Aparecida do Norte.
Quando Aparecida engravidou foi uma alegria sem tamanho! Arthur foi um filho muito desejado pelos dois. Ela lembra que em seu coração de mãe não tinha preferência, ia amar do mesmo jeito seu bebê, fosse um menino ou uma menina. Mas, Marcelo sempre deixava escapar "Ah, eu ia ficar bem feliz se fosse um moleque pra jogar futebol comigo!".
Aparecida conta que era comum ouvir dos amigos: "Escute, vocês nunca brigam?", ao que ela respondia, cheia de orgulho, "Não carece de briga! Basta conversar!". E eles conversavam. E como conversavam!
Assim que via Aparecida chegando do trabalho, Marcelo dizia "Olha lá! Lá vem chegando minha Lady Di!", todo derretido. Ou então, quando estava saudoso de alguma comidinha especial, e simples ao mesmo tempo, pedia "Ô, minha neguinha, tô com saudade de comer um quiabinho!"; ou então "Ô fia! Faz aquela saladinha de repolho, faz?! Quanto tempo não como aquela saladinha de repolho!".
Arthur era a maior paixão do pai! O rapaz, que agora cursa Engenharia e já trabalha, era motivo de muito orgulho para Marcelo. Ele vivia exaltando as qualidades do filho querido para os familiares e amigos. Era um verdadeiro "pai babão"! E com razão! "Arthur é mesmo um menino de ouro!", comemora Aparecida.
Esse pernambucano com alma de paulista, que vivia de bom-humor, adorava brincar e fazer piadas, era louco pela família e pelo filho, apaixonado por sua "Lady Di" e pelo futebol, será sempre lembrado por todos por sua alegria, e pelo seu prazer de receber em sua casa os amigos e parentes, sempre com a mesa farta, os braços abertos e o coração cheio de amor. Quando não gostava de alguma coisa, dizia: "Ahhh essa bixiga veia!", comprovando suas raízes nordestinas.
Esse homem generoso foi feliz com a vida que construiu e com tudo o que conquistou. Deixa imensas saudades nos corações daqueles que tiveram a sorte de o conhecer. Mas deixa, sobretudo, uma lição: a vida é para ser vivida com alegria, com sorriso largo e com a alma leve!
Marcelo nasceu em Casa Amarela (PE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Marcelo, Maria Aparecida Pereira de Lima. Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por Ana Macarini, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 12 de outubro de 2020.