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Marcelo Ezequiel Vicente

1972 - 2020

Ele sempre acertou o passo, como pai, filho, irmão, tio, amigo, parceiro e professor de dança.

Ser humano inesquecível, amigo leal, pai incrível, filho exemplar. Essa, sem dúvida, é a melhor descrição para Marcelo.

Ele amava ir a casa dos pais todos os dias para se deliciar com as histórias contadas por eles. Com os irmãos sempre foi muito presente e era um tio tão perfeito, que foi definido como um "TIO com letras maiúsculas", do tipo que levava a criançada para andar de bicicleta e soltar pipa. Dizia que os sobrinhos eram como se fossem seus filhos. "O melhor amigo de todos", define Marcela, sua filha única.

Marcelo era a pessoa de coração mais puro que a filha conheceu. Tinha o sorriso acolhedor, amava tanto dançar, que passou sua vida ensinando os outros a serem felizes através da dança. “Marcelo sempre brilhou com o seu eterno 7,8”, diz Marcela, acostumada a chamá-lo pelo nome. Um 7,8 que não o abandonava nunca. A marcação da dança que ele levou para a vida.

Professor mais de trinta anos na cidade de Suzano, Marcelo foi o primeiro a ensinar dança de salão no Alto Tietê. "Ele não dava só aulas para as pessoas da melhor idade, ele realizava sonhos" - palavras das alunas.

O dançarino estudou na primeira turma de dança de salão de Carlinhos de Jesus e fez parte do Kaoma, famoso grupo de lambada com o qual se apresentou em programas de auditório, como o do Gugu e do Ratinho. Mais tarde, trabalhou com o grupo "É o Tchan", por um bom tempo.

Como todo bom bailarino, tinha uma parceira oficial. Por toda a sua vida a mãe de Marcela foi seu par. Apesar de separados, continuaram sendo os melhores amigos um do outro. "Ele era grande amigo do meu padrasto e padrinho do meu irmão, Otávio, apaixonado por ele!", revela a filha. No dia dos pais não podia faltar a comida favorita de Marcelo: lasanha feita pela ex-mulher!

Era o melhor amigo da filha e a pessoa que mais vibrava com suas conquistas. Amava assistir os campeonatos de Crossfit em que ela participava. Soltava a voz com toda a força no meio da torcida: "Má, vai, uhuuuu!". Esse era apenas um dos momentos em que ele a incentivava.

Chamado de "Meu cherman, meu gordinho", Marcelo é para a filha "a estrela mais linda que guarda e zela pelos que ele tanto amou", acredita Marcela, saudosa.

Marcelo nasceu em Suzano (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Marcelo, Marcela Oliveira Vicente. Este tributo foi apurado por Débora Alves Cabrita, editado por Mariana Quartucci , revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 1 de agosto de 2021.