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Márcia Regina da Silva Roque

1958 - 2020

A mãe coruja e sonhadora que arrancava sorrisos de todos, tinha alma de criança e extravasava vida ao sorrir.

Essa é uma carta aberta, cheia de afeto, escrita pela filha Nanci à sua mãe Márcia Regina:

Dona Márcia, como todos carinhosamente a chamavam, era uma exímia dona de casa, uma mulher batalhadora que teve filhos cedo. Seu primeiro filho foi o Ezaú (ou Nino, como o chamamos), que ela tanto amava. Ele era o querido da mamãe e, às vezes, isso gerava uma típica crise de ciúmes nos seus outros seis filhos. Em seguida temos Júlio, Juliana, Renata, Raquel, Nanci - que sou eu -, e a caçulinha da mamãe, a Rosimeire. Eu sempre fui a mais preocupada - e considero que eu era a mais apegada também, sempre que podia largava tudo que estivesse fazendo no momento, até quando ela me ligava.

A mamãe era viúva do meu pai, o senhor Ramão, há mais de dez anos. Seus pais já haviam falecido também, o que explica o enorme apego pelos filhos e os mais de quinze netos.

A Dona Márcia dona do lar, que prestava os mais diversos serviços para sustentar a casa, tinha o sonho de se casar e sempre nos dizia “É meu sonho e vocês irão ver”. A gente ria das conversas daquela mulher que, mesmo tendo passado por tantas provações na sua vida, sempre fazia de tudo para alegrar a casa toda. Ela era muito carinhosa, engraçada, tinha uma alma de criança e sempre estava pronta para sorrir e arrancar o sorriso de quem estivesse ao seu redor.

Com o passar dos anos, ela conheceu o senhor Raimundo Roque, também viúvo e era um pouco mais velho que ela. Na época em que se conheceram, a mãe tinha 57 anos e o Raimundo cerca de 80 e poucos anos. Era pastor da igreja, a mãe era bastante religiosa e buscava seguir as suas crenças. E no fim das contas, não é que a Dona Márcia casou?! Ela casou e foi a maior felicidade. E adivinhe quem foram os padrinhos do seu casamento?! Eu, meu esposo, o Júnior, a minha irmã Juliana e o esposo Sidnei. Fomos realmente privilegiados com esse convite totalmente irrecusável.

A dona Márcia mãe coruja, adorável, feliz com tudo que tinha, uma pessoa adorada e amada por todos, nos deixou órfãos de tudo... De carinhos, de risos, de conselhos, de doces. Sentimos e sempre iremos sentir a sua falta mama (como eu a chamava). Um dia, com certeza, iremos nos reencontrar. Saudades eternas, te amamos infinitamente. Você foi a melhor mãe que um filho poderia ter. Obrigada!

Márcia nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Márcia, Nanci Da silva Pereira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Emmanuelle Alves Santos, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Rayane Urani em 2 de junho de 2021.