Sobre o Inumeráveis

Marcos Antonio Rosa

1965 - 2020

Mesmo quando surgia uma situação mais complicada, ele continuava tranquilo. Gostava de sorrir, brincar e bater papo.

Marcos Antonio foi um homem exemplar, dedicado a tudo o que fazia. Companheiro, honesto, cuidadoso e alegre. Começou a trabalhar bem jovem para realizar seu sonho de ter um sítio e viver cuidando de suas orquídeas. Por trinta e cinco anos foi Policial Militar do estado do Espírito Santo e, mesmo depois de aposentado, trabalhou por mais quatro anos, aposentando-se como subtenente. Sua conduta era extremamente admirável e ele sempre gostou muito e honrou a instituição.

Era um profissional muito honesto, que respeitava as normas rigidamente. Não reclamava de horários nem de escalas. Todo o suor valeria a pena pela realização de seu sonho. Fora do trabalho, era igualmente difícil ouvir de Marcos que algo estava ruim.

Para fazê-lo feliz, não era necessário nenhum grande preparo. Não precisava de nada além do sítio e das flores, que eram seu refúgio e sua fonte de paz. Cuidava das plantas com um enorme zelo, alimentado por sua paixão. Gostava de espairecer ao som de boas músicas e de assistir a documentários de história e sobre as belas casas no gelo.

Tinha sempre muitas lembranças de sua infância; e sempre consolava os outros e a si mesmo dizendo que “a vida é um ciclo”. E já que nunca sabemos o que vai acontecer, o que vale mesmo é viver cada momento intensamente, que é o que ensinava Marcos diariamente e o que colocava em prática com um grande sorriso no rosto.

Quando ia de sua casa para o sítio, o próprio caminho encantava seus olhos. Amava conhecer lugares e pessoas novas. “Às vezes ele falava assim ‘ah, vamos passar ali só pra você tirar uma foto, e a gente ia. Passeava, conhecia, tirava foto, tomava um cafezinho... Ele gostava mesmo de viver”, lembra Sônia, sua esposa, com o coração enfeitado por essas lembranças.

Marcos era muito carinhoso e cuidadoso com o bem-estar das pessoas ao seu redor. Era um grande incentivador e ajudava em todos os sentidos, sempre colocando os outros pra cima. Ele não era dado a grandes demonstrações de carinho, explicitamente, mas sempre ligava para a família e para os amigos para ver se estavam todos bem. Gostava muito de participar e de estar presente.

No serviço, construiu vários laços fortes de amizade que ultrapassavam o limite do Batalhão. Na família, existia um vínculo muito bonito. Eram a materialidade da ideia de união, ou melhor, a vivacidade dessa palavra. Todo fim de semana estavam juntos para festejar e fazer um churrasquinho.

Das lembranças recheadas de orgulho de Sônia, ficam os versos: “Minhas amigas diziam, esse seu marido é tão legal né?! Ele brinca com todo mundo, mesmo quem ele não conhece! Todo mundo gostava dele. Elas diziam: 'que pessoa abençoada! você é muito feliz', e eu falava que sou, graças a Deus, sou muito”. Marcos foi e sempre será muito querido; seguirá sempre zelando pelas orquídeas e pelas relações de amor que cultivou.

Marcos nasceu em Vila Velha (ES) e faleceu em Serra (ES), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Marcos, Sonia Nunes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 20 de junho de 2021.