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Marcos Evangelista de Abreu

1966 - 2021

Acalmava seus pequenos pacientes, deixando-os usar o estetoscópio para ouvir as batidas de seu coração amoroso.

Epitáfio: Abraçou a profissão com verdadeira paixão. Cuidava dos pequenos e acalmava os corações das mães.

Não haveria seguir outra carreira, tinha de ser pediatra. Sim, pois desde menino já carregava muito do Dr. Marcos no qual se transformaria quando crescesse. Mais do que uma profissão, a Pediatria era a sua paixão, e, guiado por sua criança interior, oferecia aos seus pacientes a mais cuidadosa atenção.

O olhar sempre atento, investigativo, buscava detalhes e pedia calma quando vislumbrava uma ameaça de choro do pequeno paciente, seja por medo do estetoscópio ou do abaixador de língua. “Dói não” geralmente ele diria ao pequenino, enquanto, talvez, pedisse à criança que auscultasse as batidas do próprio coração: tum—tá—tum...

E compreendia o olhar da mãe, refletido no da criança, conta a Simone, a colega de trabalho. Aquele olhar que, por vezes, é tão ou mais angustiado que o do próprio paciente. “Não é nada grave, mãe!” tranquilizava.

Marcos encantava as pessoas com seu sorriso, deixando vir à tona sua criança interior, a mesma que guiava suas mãos no cuidado com os pequenos. Marcos foi um grande homem! Um grande médico!

Marcos nasceu em Pará de Minas (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela colega de trabalho de Marcos, Simone Miranda Carozzi Bandeira. Este tributo foi apurado por Thyago Soares, editado por Rosa Osana, revisado por Walker de Barros Dantas Paniagua e Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 20 de agosto de 2021.