1962 - 2020
Luto, para ele, era verbo.
Não tinha tempo ruim para este manauara de sorriso fácil. Dono de um coração que de tão grande transcendia o peito, o exemplo de filho e esposo não era pai só de seus filhos; sua proteção alcançava os sobrinhos e quem quer que fosse o necessitado.
Marcos era faixa marrom de jiu-jítsu, e era o maior incentivador do sobrinho Michael nas lutas esportivas das quais ele participou. Michael relembra um marcante episódio de sua vida protagonizado pelo tio, em um campeonato brasileiro do esporte do coração. "Eu queria desistir por conta de uma lesão no joelho direito. Ele chegou para mim e disse que não há nada fácil na vida, não há uma obra que Deus não queira finalizar", conta o lutador que viajou para São Paulo determinado a vencer dezesseis lutas antes da final. A força vinha do apoio de quem ele mais queria, o tio.
"Quando cheguei à final, liguei para ele. Ficou muito feliz e disse que, se eu não trouxesse a medalha de ouro para casa, ele mesmo, o faixa marrom, me finalizaria", revela Michael, que conseguiu subir no lugar mais alto do pódio e dar orgulho ao tio e à família. Rumo ao recebimento da medalha, sobrinho e tio choraram juntos, por chamada de vídeo, a conquista. Marcos Raimundo era assim: emoção sem fronteiras.
Marcos nasceu Manaus (AM) e faleceu Manaus (AM), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Estudante de Jornalismo desta história Irion Martins, em entrevista feita com sobrinho Michael Litaiff, em 20 de maio de 2020.