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Maria Antonia Cardoso Moretti

1961 - 2020

Sempre vaidosa e perfumada, a doçura de sua alma caridosa transbordava em forma de amor pela família e pela música.

Ela foi uma mulher especial. Apesar da saúde frágil, nunca deixou de se cuidar. Mesmo em casa, estava sempre bem vestida e perfumada. Dona de um enorme coração, ainda que estivesse brava, não deixava de fazer caridade. Queria estar o tempo todo junto ao esposo e gostava de passear na companhia de seus entes queridos. Amava a família e fazia questão de incluir sempre alguém mais nos passeios.

Foi uma grande professora do evangelho de Jesus Cristo e era muito prestimosa, adorava ter a casa organizada, limpa e arrumada. Os defeitos que supostamente tivesse, eram superados pelas muitas qualidades como filha, esposa, mãe, tia, prima e amiga. Tinha uma grande habilidade para cantar e tocar piano.

Benedito Genival Moretti, o marido de Maria Antonia, conta que ela teve dificuldades para engravidar, "porém, o Senhor nos abençoou com dois filhos maravilhosos que nos deram duas netas e dois netos, crianças que ela amava e pelas quais chorava de saudade por não poder vê-las durante a pandemia."

"São tantos os predicados da nossa Tó, que eu poderia passar o dia todo escrevendo, e hoje só nos resta agradecer a Deus pelo tempo que passamos juntos, e curtir a saudade que ficou em nossos corações", diz Benedito.

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"Minha mãe gostava muito de cantar, era uma pianista muito boa e apaixonada por música de qualidade, em especial o grupo irlandês Celtic Woman. Ela amava estar com os filhos, sobrinhos e netos ao redor dela e fazê-los comer. Amava viajar e, em especial, estar no apartamento da praia, onde seu maior prazer era ficar sentada no fim do dia, de frente para o mar, até o sol se pôr. Viajava todo ano para Campos do Jordão, onde fazíamos os mesmos passeios, que ficarão marcados para sempre em nossas memórias...", conta Giovanni Moretti, um dos filhos.

O filho relembra ainda que a mãe "amava uma picanha bem passada e uma parmegiana de carne" e diz que o sonho dela era "conhecer a Escócia e a Irlanda. Ver os castelos e assistir a um show do grupo Celtic Woman".

Ela sempre estava bem arrumada e de unhas feitas. E sempre perfumada, amava perfumes, e puxei isso a ela, com certeza. Sua alegria era estar com a gente, em qualquer lugar, rindo das minhas piadas ruins e de qualquer graça que eu fazia; ela amava dar carinho o tempo todo, tinha um coração que não cabia nela. Seu maior exemplo foi a caridade: se houvesse algum necessitado, era dela a primeira mão que se estendia para ajudar. Quando pequenos, saíamos para dar voltinhas de carro pela cidade, só pra passear... e, a cada Natal, íamos ver as luzes das casas e da cidade. Ela foi mãe, amiga e conselheira", diz Giovanni.

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"Tonics ou, simplesmente, Tó, era de uma bondade e amor ao próximo como poucas pessoas eu vi", afirma conciso o irmão de Maria Antonia, Adauto Levi Cardoso, que complementa: "Com seu coração generoso, deixou um legado de dois filhos e quatro maravilhosos netos, além do marido companheiro, que sempre esteve ao seu lado".

O irmão ainda conta que Tó gostava se vestir muito bem, de se perfumar e adorava música, e que a irmã "passou esse amor aos seus filhos. Foi uma pianista de mão-cheia!".

Adauto conclui sua homenagem dizendo: "Nós éramos três irmãos, hoje, continuamos a ser três, pois você jamais sairá das nossas vidas. Te amamos para sempre!".

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Deliângela, irmã de Maria Antônia, confessa: "Minha irmã deixou um legado lindo em nossas vidas. Um legado de amor ao próximo, de alegria e prazer em ajudar até mesmo quem ela não conhecia. Ela foi uma mãezona para os meus filhos, muitas vezes fez mais por eles do que eu mesma".

Tó era uma mulher que se preocupava com o bem-estar de todos, zelava por tudo. Em sua casa, a organização e a limpeza reinavam, foi sempre muito prestimosa. "Muitas vezes me dava bronca. Dizia que eu precisava trabalhar menos para ficar mais tempo com meus filhos. Para onde ela fosse viajar, tinha que levá-los. Ela os amava muito e estava constantemente pensando em agradá-los", conta Deliângela.

Tó foi um exemplo de fé e amor ao evangelho de Jesus Cristo e muitas vezes chegava a ser mal-interpretada, por tanta preocupação que demonstrava por todos.

Para Deliângela, o que ameniza um pouco a forma abrupta como sua irmã partiu, sem despedidas, sem abraços e sem palavras de conforto, é saber que "Hoje ela está sem sofrimento, sem dores, e que logo nos encontraremos e viveremos para toda a eternidade."

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"Eu me lembro de que, quando criança, sempre foi muito amorosa e amável comigo. Jamais esquecerei esse carinho e cuidado. Brincávamos de passar trote pelo telefone", conta a prima Claudia, que diz que "toda vez que a encontrava, relembravam juntas e riam de histórias como essa."

A prima recorda ainda que a cada visita que recebia da prima, era presenteada por ela. Além disso, recebeu também muitas dicas culinárias valiosas, bolos e outros quitutes, mas um dos melhores presentes que recebeu foi seu apoio e conforto "Quando adoeci, ela foi uma das pessoas que me deu apoio. Ela e seu esposo foram à minha casa oferecer a palavra de Deus e estender suas mãos", conta Claudia com gratidão.

"Nos meses anteriores a sua morte, sempre conversávamos e ela demonstrava preocupação comigo, pois sou transplantada. O mais doloroso é que nem tivemos tempo de dar adeus a ela, nem mostrar o quanto era importante em nossas vidas. Foi uma excelente prima, mãe, irmã e avó. Ela merece o descanso e a paz no colo do Senhor. Tenho certeza de que está no Reino dos Céus! Gratidão por tudo minha prima", encerra Claudia.

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O primo José Carlos da Silva, que reuniu os relatos de todos os familiares para que esta homenagem se tornasse possível, nunca irá esquecer o último almoço que ela serviu com muito carinho para os pais dele, em junho de 2020. Ele diz que "a vontade de viver e de ser feliz que Maria Antonia demonstrava eram contagiantes."

José Carlos chamava a prima de Tonha e acredita que ela será sempre lembrada como "uma pessoa feliz, uma amiga feliz!"

Maria nasceu em Sorocaba (SP) e faleceu em Sorocaba (SP), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos familiares de Maria, Benedito Genival Moretti, Giovanni Moretti, José Carlos da Silva, Claudia Veronica Mencacci, Deliângela Cardoso e Adauto Levi Cardoso. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 20 de novembro de 2020.