Maria Antoniêta Brito de Araújo

1970 - 2020

Criando peças caprichadas em sua máquina de costura, conquistou bens materiais e uma vida de trabalho com amor.

Nieta, como era carinhosamente conhecida, chegou a São Paulo com a filha Lívia ainda criança em seu colo. Em busca de um recomeço, com muita força de vontade e um coração cheio de esperança, conquistou pouco a pouco todos os seus sonhos com muito suor. Exemplo de superação, nunca teve medo de ir atrás do que queria. Ia até o seu limite para conseguir o que almejava, mas sempre com humildade e sem se esquecer do próximo.

Aprendeu o ofício de costureira com sua mãe, Maria. Devotada à profissão, demonstrava amor em cada detalhe, trabalhava imersa todos os dias em tecidos, agulhas, moldes, botões, e junto ao barulhinho da linha correndo na máquina. A costura, além de fonte de subsistência, era o seu dom. Havia amor em cada peça confeccionada.

Dedicou-se de corpo e alma para dar o melhor à sua filha, o grande amor de sua vida. Cada conquista era celebrada com muita alegria pelas duas. A compra do apartamento próprio e o ingresso de Lívia no ensino superior foram algumas delas. "Minha mãe só estudou até a quarta ou quinta série. Quando eu entrei para a faculdade e trouxe o contrato para que ela visse nosso sonho se concretizando, ela chorou. Foi um momento muito emocionante", recorda Lívia. A filha também se lembra com carinho de quando a família se reuniu para assistir "Minha Mãe é uma Peça 3", último filme do ator Paulo Gustavo: "Ficávamos brincando que ela era exatamente igual a Dona Hermínia. Foi um momento de diversão que nunca vou me esquecer!". Para Nieta, a família era um bem precioso e, mesmo com seus defeitos, deveria sempre ser acolhida.

De coração gigante, desses onde sempre cabe mais um, abrigou a sobrinha que foi estudar em São Paulo e acabou ganhando mais uma filha. Estava tudo programado para ser testemunha do casamento da sobrinha. Lívia orgulhosamente a representou.

Nunca se negava a ajudar alguém: sempre comprava mantimentos para quem pedisse na rua e atendia ao máximo os pedidos que estavam ao seu alcance. Durante a pandemia, inclusive, costurou inúmeras máscaras para doação. Tinha muito cuidado pelos outros, puxava a orelha e dava muitos conselhos: tinha muitos amigos e filhos adotivos em seu coração, além de se preocupar constantemente com seus familiares. Apaixonada pelos animais, cuidava com carinho da pinscher Hannah e do gato Nicolau, seus bichinhos de estimação.

Para ela, os finais de semana eram de grande expectativa. Sempre preparava uma comida caprichada para receber os amigos, fazendo com que todo domingo fosse dia de casa cheia de pessoas queridas, que aguardavam ansiosamente para se deliciar com a famosa feijoada preparada por Nieta. Era frequente unir sua paixão pela culinária ao orgulho de suas origens, preparando alguma receita baiana, principalmente doces. Ficava em êxtase quando recebia palmas, plantas cultivadas na região Nordeste, na Bahia, que são a base de muitos pratos culinários. Nieta preparava as palmas com tanto amor e as comia com tamanha felicidade que dava gosto de ver.

"Nieta foi a bússola de muitos, colecionando inúmeros amigos e filhos de coração ao longo de sua trajetória. Deu tudo de si para ajudar as pessoas, distribuindo seu carinho, seu cuidado, seu tempo e sua bondade. Deixou como legado o amor, sentimento que nunca morrerá para nós, seus amigos e família. Ela será honrada a cada dia da minha vida porque sempre me fez querer ser melhor, e eu seguirei melhorando diariamente, para me tornar um pouco da grande mulher que ela era. Como ela mesmo dizia, todos os planos precisam ser deixados nas mãos de Deus. A nós, seres humanos, nos resta sempre clamar e orar", declara a filha Lívia.