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Maria Aparecida Consales Maranha

1957 - 2021

Uma vida de muito amor e doação. Cuidou de todos ao seu redor.

Nenê, apelido pelo qual era chamada, foi uma pessoa iluminada, animada e com uma energia radiante. Recebeu esse nome carinhoso por ser a filha caçula de uma família de origem italiana, a “neném” da família.

Ellen, sua nora, a namorada de seu filho, a chamava de “tia”, uma forma de criar uma relação de consanguinidade, mas acima de tudo, uma forma de demonstrar o amor que as unia. “Nosso parentesco era de alma. Talvez chamá-la de 'mãe' descrevesse melhor como era a nossa relação”, conta.

A relação das duas era algo bonito de se ver. Nenê dizia que havia ganhado mais uma filha e Ellen também sentia que havia sido agraciada com uma segunda mãe. Ao longo dos seis anos de convivência, conversaram por horas infinitas. “Adorava ouvi-la contar sobre ela, sua história de vida, relação com a família, a dor pela morte dos pais, seus desejos e sonhos, medos e ansiedades”, relembra a nora.

Nenê teve uma vida dedicada a investir no sonho dos outros. Com frequência, dizia: “Preciso aprender a me amar em primeiro lugar, a me colocar como prioridade”. Ela até que tentava, mas a sua natureza era a de sempre priorizar o próximo e cuidar de todos ao seu redor.

Para Ellen, esse encontro de almas fez e fará toda a diferença em sua vida. Ela pôde conhecer verdadeiramente a Nenê, seus sentimentos de tristeza, medo, decepção, chateação, raiva e desesperança; uma parte dela que a maioria das pessoas não teve acesso e que só tornava mais forte o elo entre as duas. “Ela não deixava de ser radiante por isso, pelo contrário, eu a via ainda mais iluminada e em muitas tonalidades!”.

Nenê foi, é e sempre será infinitamente amada, fruto do amor que ela espalhou em vida. Para Ellen, a tristeza por sua perda é proporcional ao tamanho do amor que sentiam uma pela outra.

“Partes de mim morreram junto com ela. Partes dela continuam a viver dentro do meu coração, nas minhas memórias, nos conselhos, lembranças e no amor que cultivamos”.

“Gratidão por ter feito parte de sua vida e pela nossa relação. Saudades, tia.”

Maria nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Maria, Ellen Lima. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 5 de maio de 2021.