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Maria Carolina Echenique Ribeiro

1962 - 2020

O seu sorriso em minhas lembranças será eterno. Como eu te amo, minha mãe!

Depoimento e poema de seu filho Augusto Echenique:

"Maria Carolina, mais conhecida pela família como Coni, nascida em Santiago do Chile, no dia 13 de janeiro de 1962 e renascida em Manaus, no Amazonas.

Quando perguntavam se era chilena, respondia com singelo sorriso: 'Sou Amazonense e apaixonada por Novo Airão'.

Amava o Rio Negro e a natureza que dali admirava. Era Contadora, de profissão e orgulhava-se de ser a representante, no estado do Amazonas, do Consulado do Chile. Encontrava tempo para realizar ações sociais em comunidades do interior, onde poucos governantes chegaram a ir. No restante do tempo, estava sempre com sua família: seu esposo, os três filhos, sua nora, que acolheu como filha e, principalmente, a neta Malu.

Ah, sua neta era tão apaixonada (ainda é) por ela! Para se recuperar dos problemas que aconteciam no dia a dia, agarrava-se à neta de nove meses, hoje com um aninho, e recuperava seu ânimo.

Pude ver a felicidade em seus olhos, ao saber que iria me acompanhar no altar do casamento; que seria avó; que iria segurar pela primeira vez sua neta.

Nosso maior aprendizado foi a perseverança e a luta por aquilo que almejamos, a necessidade de sermos plenos e seguros de nós.

Coni foi uma supermãe, superavó, superesposa e uma supermulher. Ficou internada 31 dias, dos quais 30, intubada. Foram dias de muita luta e, principalmente, um aprendizado que não consigo avaliar.

Ainda escuto sua voz e me recordo dos nossos momentos de felicidade."

"Num piscar de olhos o tempo ficou mais distante
O dia se alongou e a noite ficou mais inconstante
O medo e a insegurança entrou no meu inconsciente
E num fio de luz a paz entrou e ficou de repente

Como eu queria voltar no tempo e acreditar
E ter a certeza que tudo isso iria mudar
As esperanças eram tamanhas em nosso olhar
Que por diversas vezes cheguei a te escutar

Tive certeza de que estaria nos seus braços
Lembraríamos deste momento como um pequeno traço
E tudo voltaria ao normal, mesmo estando fora desse paço

Os dias foram indo, tempo parou e meu coração congelou
Foram tantos momentos de incertezas e isso acabou?
Não, muito pelo contrário, apenas começou.

O seu sorriso, em minhas lembranças, será eterno.
O seu abraço sempre estarei sentindo,
O meu pensamento pelo seu amor materno
Nunca deixará se ser algo garantido.
Como eu te amo, minha mãe!"

Ass. Augusto Echenique.

Maria nasceu em Santiago (Chile) e faleceu em Manaus (AM), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Maria, Augusto Cézar Echenique Ribeiro. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Lúcia Bettencourt, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de julho de 2020.