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Maria Célia Silva Mendes

1956 - 2021

Inventava brincadeiras e contava histórias para divertir a todos.

Maria Célia tinha uma risada convidativa, era impossível segurar o riso enquanto ela ria. O bom humor e o dom de dar gargalhadas repentinas são heranças de família. Ela e os três irmãos riam até chorar das bobagens da vida, desde as histórias da infância até as experiências da vida adulta. Ao lado deles, Maria Célia formava o quarteto fantástico e sentia-se livre para fazer o que queria.

Além do riso contagiante a família mantinha vivo o legado do amor. Célia exerceu o verbo amar como ninguém, demonstrava sem medo e medida, com pequenos ou grandes gestos, o quanto amava os seus. Os principais alvos do seu amor eram os filhos, Dayene e Deivys — era capaz de fazer qualquer coisa por eles. Deivys era o príncipe de Maria Célia, compartilhou com ela seu maior tesourou, dois filhos. Os pequenos eram a riqueza da avó e sua paixão.

Era apaixonada por crianças, não só os netos, mas todas da família e qualquer outra que ela conhecesse. Maria Célia era carinho desmedido, sempre se mantinha presente — mesmo longe — e amava presentear a todos, principalmente as crianças. Tratava os sobrinhos adultos, alucinados por ela, como se ninguém tivesse crescido. Grazielle, sobrinha de Célia conta que para ela "éramos sempre a coisinha linda, gotosa, cheirosa da titia”. No entendimento da sobrinha, ela os mantinha pequenos porque, no fundo, ela ainda era criança ou, pelo menos, mantinha viva a infância repleta de travessuras e causos engraçadíssimos, desses que a faziam rir ao contar a mesma história pela milésima vez.

Seu amor também transbordava pela filha Dayene. Célia sonhava em reviver o abraço dado e registrado em foto na despedida da filha para o exterior, aquele apertado e com rosto grudado. Um abraço que permitia que o afeto passasse pelos poros da mãe para a filha e lembrasse a ela: "Eu continuo aqui".

Além do riso solto, sua imaginação também era espontânea e fértil. Maria Célia inventava brincadeiras para crianças e adultos com facilidade — sempre queria se divertir e divertir aqueles que estavam à sua volta. Ela gostava muito de festa, de decoração e aproveitava tudo.

As brincadeiras davam espaço para a competência quando o assunto era profissão: Maria Célia era uma vendedora e tanto! A sobrinha conta que é comum ouvir que ela vendia “até avião caindo”, porque não havia quem ela não pudesse convencer. Quem a viu em ação relembra seus feitos: ela carregava muitos tecidos pesados nas costas, entrava e saía das lojas sempre recebida como uma celebridade. Todos, da recepcionista à dona da empresa, a tratavam com entusiasmo e carinho.

Grazielle homenageia a tia: "Ela foi uma mulher linda, alegre e cheia de vida. Uma estrela. Sua ausência será eternamente presente."

Maria nasceu em Belo Horizonte (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Maria, Grazielle Mendes. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Claiane Lamperth, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de junho de 2022.