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Maria Cirlene de Lira Santos

1956 - 2020

As coisas mais simples da vida despertavam sua felicidade. Amava reunir a família para os almoços de domingo.

Os adjetivos que descrevem dona Maria Cirlene são muitos. Para a filha Anna Maria, a mãe era uma mulher forte, batalhadora, bondosa, amiga, leal, carinhosa... aquela amiga que estava sempre presente para ajudar a quem precisasse. “Deixou uma amizade, um afeto que dinheiro nenhum poderia comprar, um coração gigante que abrigava todos que precisassem de amor e carinho”, descreve.

Vivia sorrindo e colocava amor em tudo o que fazia, seja nos almoços de domingo, no convívio com os familiares ou no trato com pessoas próximas. Trabalhou a vida toda como diarista, e o cuidado e o zelo não faltaram. Tinha o hábito de deixar a casa sempre limpa e organizada. Quando visitava as filhas, procurava algo para fazer constantemente; e, como ela sempre dizia, era "pau para toda obra"!

Na cozinha, Maria Cirlene tinha um dom especial. A filha conta que sempre pedia à mãe para preparar uma verdura de forno, o prato preferido da filha. O mungunzá era inconfundível. Aos domingos, era servido um almoço tradicional, sempre com a mesa farta. Havia alimento para todos da casa e também para quem por lá passasse.

Religiosa, Maria Cirlene ia à missa todo dia 13 de cada mês para rezar à Nossa Senhora de Fátima. Sua felicidade era ter a família reunida, ao lado do marido, com quem viveu por 27 anos, das filhas, Anna, Cícera e Girlene, da mãe, dona Luzia, e das irmãs, Socorro e Marlene. E com a chegada das netas Maria Eduarda e Maria Júlia, a alegria estava completa.

Anna conta que a mãe era de uma simplicidade tão grande que se alegrava com tudo o que ganhava. “Ficava feliz ao ganhar uma agulha, como ela mesma dizia. O que importava para ela era a intenção e o carinho que nós, sua família e amigos, tínhamos por ela”, conta. Para a filha, situações simples faziam a vida da mãe mais feliz, cujas recordações trazem conforto ao seu coração. “Mãe, brilhaste tanto aqui na terra que Deus a levou para brilhar muito mais aí no Céu”, declara.

Maria nasceu em Igaci (AL) e faleceu em Juazeiro do Norte (CE), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas filhas de Maria, Anna Maria, Cícera e Girlene. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriel Rodrigues, revisado por Fabiana Vieira e moderado por Rayane Urani em 13 de março de 2021.