Memorial dedicado à história
de cada uma das vítimas do
coronavírus no Brasil.
Com humildade e simplicidade trilhou seu caminho de vida e trabalho.
Para ele tudo estava sempre bom. Não reivindicava para si nenhuma mordomia, bastava ter onde armar sua rede.
Certa vez, tirou as sandálias dos próprios pés para oferecê-las a um catador que trabalhava descalço.
Devota de Padre Cícero, certamente seguiu ao encontro do marido sob os cuidados, a benção e a proteção do sacerdote.
Folgava uma vez por ano: no dia de seu aniversário de casamento.
Sua missão foi espalhar sementes de puro amor por onde passasse.
Os sobrinhos a consideravam como uma segunda mãe, mãe escolhida, mãe de coração.
Amava flores e sorria com o olhar. Dona de uma alegria contagiante.
Todo mês de outubro ela se vestia de marrom — a cor das vestes de São Francisco, o santo de sua devoção.
Não mediu esforços para dar o melhor aos filhos.
Pacato, seu João da Bodega pouco usava a voz mansa; adornado pelo cigarro de palha, o sorriso era seu forte.
Generoso e cheio de empatia, escolheu aproveitar o lado bom da vida com música e festas em família.
Com a cana-de-açúcar colhida de seu quintal, preparava garapa para os netos.
Recebia e acolhia a todos como uma mãe: sempre com afeto, respeito e café quente.
Marcou a comunidade por seu trabalho honesto como agricultor, construtor de obras e comerciante.
As coisas mais simples da vida despertavam sua felicidade. Amava reunir a família para os almoços de domingo.
Nordestina raiz, arretada, forte e determinada. Uma mãe admirável e mulher resiliente, necessária ao mundo.
Passada uma vida de obstáculos, divertia a todos quando dizia que agora era "chique, charmosa e civilizada".
Dona de uma risada extremamente linda e escandalosa, Madrinha Ló era tia, madrinha, mãe e avó da família toda.
De um carisma sem igual, conquistou muitos amigos e o coração da mulher amada.
Fechava o próprio comércio, sempre que podia, para treinar seu time de futebol, o Grêmio do Quixoá.