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Maria das Dores Lima da Câmara

1947 - 2020

A Mainha que aquecia o coração dos filhos com proteção, amor, cuscuz e café... Hum, que cheiro maravilhoso!

Mulher guerreira que veio de família humilde. Seu esposo partiu cedo, deixando-a com quatro filhos: Suzana, Vladimir, Márcio e Diana.

"Meu pai foi funcionário da Companhia Energética do Rio Grande do Norte. Com a pequena pensão deixada e muita garra, passamos necessidade, mas minha mãe nunca nos deixou passar fome", conta Diana, a filha caçula.

A família aumentou, com os netos Matheus e Henrique, que eram muito amados. Não havia vez que ela encontrasse os filhos e que não perguntasse pelos netos... avó sempre tão atenciosa.

Era a típica mãe nordestina que criou seus filhos com humildade, dignidade e amor através de pequenos gestos. Deixou valores significativos: respeitar as pessoas, saber ouvir e, acima de tudo, ajudar a todos dentro do possível.

"Mainha, que saudades do seu cuidado! Morávamos bem próximas e todos os dias nos víamos, porque ela chamava para tomar um café - o mais cheiroso do mundo! - com biscoito ou cuscuz. Ahhh nem que eu tente, nunca conseguirei fazer esse seu cuscuz! Fiquei sem teu beijo, teu cheiro. As lágrimas ainda fazem parte dos meus dias..." conta Diana.

D. Maria das Dores, ao encontrar cada um dos filhos, sempre os abençoava e perguntava, antes de qualquer coisa: "Está tudo bem? Falta alguma coisa?". Até os dias atuais, quando cada um já tinha sua vida estabelecida, a preocupação daquela que foi pai e mãe não tinha fim.

Adorava reunir sua família nos fins de semana e em datas especiais. Como em seu aniversário, quando tinha que ter festa com um bolo bem gostoso. Setembro não será mais o mesmo sem essa mulher forte por perto.

"Tenho a felicidade de ter dito por toda a minha vida que a amava! Pois não esqueça disso, Mainha. Te amarei para sempre... Esteja onde estiver, sinta meu abraço todos os dias!", despede-se com amor Diana.

Maria nasceu em Natal (RN) e faleceu em Parnamirim (RN), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Diana Lima Câmara. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Denise Pereira, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.