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Maria das Graças Santos Gomes

1971 - 2020

Proporcionava afago através do seu abraço carinhoso.

Graça, como era chamada, foi casada com Paulo e tiveram dois filhos: Maynara e Vinícius.

Em 2003, entrou para o serviço público como técnica em enfermagem do Hospital Universitário João de Barros Barreto, em Belém do Pará, um hospital de referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, na região norte.

Foi uma profissional dedicada e sempre acolhedora. Os pacientes sentiam-se cuidados e protegidos por ela. Loiani, sua amiga e colega de profissão, conta que Graça era "muito além de uma técnica em enfermagem" e que elas se conheceram no dia a dia da clínica cirúrgica do hospital, desenvolvendo as atividades de enfermagem, e onde, além do cuidado, eram sempre oferecidos um sorriso e uma palavra de acolhimento aos pacientes atendidos e aos colegas de trabalho. A amiga recorda que “para todos, tanto os familiares quanto os amigos, sua conclusão no curso superior como enfermeira foi sinônimo de vitória".

A contagem regressiva para o tão esperado baile de formatura foi interrompida bruscamente, foram cinco anos dedicados à sua formação acadêmica e cada novo conhecimento adquirido por Graça era compartilhado com seus colegas de profissão. Em janeiro de 2020, já se organizavam para o grande baile que aconteceria em março. Os convites já haviam sido feitos, as roupas para o baile já haviam sido providenciadas, assim como os pedidos antecipados de folgas nas escalas de serviço. Tudo para participarem da festa, o grande acontecimento da clínica cirúrgica. Mas com a pandemia, a festa foi adiada para setembro, assim como as folgas foram adiadas, junto com as férias.

Graça será lembrada ainda com estas palavras da sua grande amiga: “A tristeza tenta substituir você, mas aqui ela nunca terá morada, pois teu sorriso ficará guardado em nossos corações”, diz Loiani.

Maria nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 48 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de Maria, Loiani do Socorro Palheta de Miranda. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 20 de agosto de 2020.