1965 - 2020
A família era o bem mais precioso para ela. Cuidava de todos, mas não esquecia de si.
Na adolescência, despinicava sururu para levar sustento ao lar. Começou a trabalhar cedo para ajudar a família que passava por necessidade. Mas não se esqueceu da dedicação aos estudos, fez questão de conclui-los, pois almejava ter uma profissão.
Guerreira como só ela, não desistiu até conseguir um emprego para chamar de seu. Tornou-se técnica de enfermagem e trabalhava com orgulho no Hospital de Arapiraca. Sua força e companheirismo ajudaram a se manter firme nos momentos em que o trabalho na unidade de emergência era difícil.
Amava estar reunida aos seus, seja na beira de uma piscina curtindo um churrasco ou dando boas gargalhadas ao lado de sua irmã mais velha. Para ela a família era o bem mais precioso e estava acima de qualquer coisa.
Longe do trabalho, ela passava um pouco da sua força à filha Fernanda. Que relembra com carinho um pedido da mãe: “Ela sempre falou que não queria morrer antes de ter um neto, então eu engravidei. Ela ajudou no parto, sendo a primeira pessoa que pegou meu filho no colo, era o xodó dela, o chamava de meu filho”.
Mãe e avó coruja, adorava estar com a filha e o neto, tinha ciúmes deles e os defendia com unhas e dentes. Cuidava de todos, mas não esquecia de si mesma. Amava se arrumar, cuidar dos cabelos e jamais saia sem passar um batom.
Maria nasceu em São Miguel dos Campos (AL) e faleceu em Arapiraca (AL), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Fernanda. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Darlanny Ribeiro - Projeto de Extensão da Universidade Federal de Alagoas, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2020.