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Maria de Lourdes dos Santos

1955 - 2021

Sempre oferecia uma refeição a quem chegasse, uma palavra amiga e o coração aberto.

Dona Lourdes foi a bondade em forma de gente, o tipo de pessoa sempre disposta a ajudar, a estender a mão ao próximo, que fez da sua casa um lar tão grande quanto o seu coração. Não havia quem não gostasse dela.

Teve uma vida de lutas e batalhas. Desde muito cedo, começou a trabalhar para ajudar a família e assim seguiu por toda a vida. Como empregada doméstica, construiu sua casa, mantida com muito amor e zelo, sempre limpa, sempre “um brinco”.

Dividiu a vida com Silvio por cinquenta e quatro anos e, juntos, construíram uma linda família ao lado dos filhos: Ana Paula, Silvio Cesar, Andreia, Ana Beatriz e Leonardo, o caçula, filho do coração. Os netos Isabella, Helena, Ana Clara e Miguel eram a sua paixão, assim como Victor Gabriel, o bisnetinho que Dona Lourdes ficou toda feliz por ter a oportunidade de conhecer e conviver um pouco.

“Ela foi uma mãezona. Sempre queria todos por perto para cuidar e apoiar. Amava brincar com os netos, parecia uma criança. Dava conselhos para os filhos e era muito preocupada com os irmãos, os cunhados e suas respectivas famílias”, conta o filho Leonardo.

Dona de uma alma de criança e de grande talento na cozinha, Lurdinha sempre fazia comidas deliciosas, inesquecíveis a quem provasse. “A melhor comida do mundo”, como Leonardo costumava dizer à mãe. Também foi uma amante da natureza, do mato, das plantas e de seus bichinhos. Amava ir à praia, conhecer outras cidades e ver paisagens.

Mesmo sem muitos recursos financeiros, sentia-se bem em ajudar os que precisavam. Podiam ser pessoas comuns, campanhas ou instituições; Dona Lourdes sempre fazia o possível, graças ao seu coração extremamente generoso. Leonardo não se esquece de uma história de sua infância, uma entre tantas, em que a generosidade da mãe ficou marcada em suas memórias.

“Quando eu era bem pequeno, queria muito ganhar um urso de pelúcia grande, até fiquei doente por isso. Apesar de muito caro, ela foi comprar para mim. O valor era equivalente ao salário mensal dela, mas ela não se importou e me deu. Isso me marcou muito.”

Dona Lourdes, incansável, agora descansa ao lado do seu “véio”, de quem tanta falta sentiu, por toda a eternidade. Enquanto espera por um reencontro, a família segue firme, agradecendo o exemplo e o legado deixados por ela.

“Muito obrigado por ter nos ensinado o caminho do bem e a sermos pessoas generosas. Você vai continuar, para sempre, viva em nossos corações, ‘Dindinha’”, declara-se o filho.

Maria nasceu em Itanhandu (MG) e faleceu em São Lourenço (MG), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho do coração de Maria, Leonardo dos Santos Maria. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Benedita França Sipriano e moderado por Rayane Urani em 3 de abril de 2022.