1960 - 2020
A dona da calçada da fama! Alegre, sorridente e, acima de tudo, altruísta.
Esta é uma homenagem de Vânia Maria para sua amiga de infância, Maria do Carmo:
“A medida do amor é amar sem medida”.
Esse pensamento de Santo Agostinho serve de inspiração para relembrar a história de vida de Maria do Carmo Mesquita Veras, uma amiga querida que repentinamente retornou à Casa Paterna. Falar de sua existência entre nós é motivo de alegria e gratidão, pois sua vida foi marcada por muitas amizades e acolhimentos que se iniciaram desde cedo em Macaraú, um distrito de Santa Quitéria, no interior do Ceará.
A generosidade e, principalmente, a disponibilidade para ajudar as pessoas foi a característica mais marcante em sua existência.
Um grande ideal nasceu em sua alma a partir de uma experiência pessoal, quando, ao acompanhar o pai à Santa Casa de Misericórdia de Sobral, onde ele faleceu. Naquela oportunidade passou por tantas incertezas e dificuldades de acesso e se viu nos corredores, sentindo as mesmas dores que muitos conterrâneos passavam. Depois daquela vivência, prometeu a si mesma que não os deixaria continuar passando por tamanha penúria: ajudaria no que fosse possível.
A partir daí começou a intermediar pelas pessoas que iam de Macaraú, sua terra natal, procurar assistência médica em Sobral. Oferecia todo tipo de ajuda, desde agendar consultas, falar com os profissionais sobre o estado de cada um e fazer a "ponte" com a família.
Fez isso por muitos anos, sentia-se na obrigação de ajudar qualquer pessoa que a procurasse. Foram tantas interseções pelos menos afortunados, tantas outras ações que poderíamos lembrar que nem seria possível falar sobre todas.
Com seu espírito acolhedor foi também o pilar da família, sempre disposta a ouvir e a se envolver com as alegrias de todos, como também buscar soluções para os problemas de cada um.
Era uma pessoa alegre, alto-astral, sempre cercada de muitos amigos. Gostava de festas, passeios, carnaval e de acolher, junto com Luciano, seu esposo, seus amigos na “calçada da fama” como ficou conhecida a calçada de sua casa. Colocavam mesas e celebravam a vida, nos finais de semana, feriados, carnavais e outras comemorações.
Com seu esposo Luciano construiu uma bela família que tem como frutos três filhos e um neto, jovens que aprenderam com a mãe a mesma serenidade e comportamento amigável. Nos últimos seis anos de vida, viveu a experiência de ser avó e, como não podia ser de outra forma, dedicou-se como mãe, movida pelo amor de avó. Heitor, o neto, com sua inocência e cheio desse amor, abranda um pouco essa ausência sentida.
Sua filha mais velha, Andrezza, é enfermeira e trabalha na Santa Casa de Misericórdia, onde Maria do Carmo ficou hospitalizada por sete dias e faleceu, por isso teve a oportunidade de acompanhá-la no leito e transmitir para familiares e amigos a evolução do seu quadro.
Manteremos em nossas memórias o registro de seu sorriso iluminado, o calor de seu abraço acolhedor e a lembrança constante de uma pessoa carismática que deixa, como principal legado, o amor incondicional ao próximo e o compromisso da solidariedade a quem mais necessita em qualquer situação.
Esta história conta apenas parte da vida de uma pessoa muito amada.
Muito teria a ser dito. Mas as nossas vidas, de amigos e familiares, estão permeadas de momentos com a nossa querida Maria do Carmo, o que faz com que sua história continue sendo contada.
Maria nasceu em Santa Quitéria (CE) e faleceu em Sobral (CE), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de infância de Maria, Vânia Maria Muniz de Lima Marques Leitão. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 31 de dezembro de 2020.